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Independência da Catalunha vence referendo com 90% dos votos, diz governo catalão

Publicado em 01/10/2017 19h09

Independência da Catalunha vence referendo com 90% dos votos, diz governo catalão

Presidente catalão diz que Catalunha ‘ganhou direito de ser um Estado’; primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy afirma que não houve referendo.

G1

O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, disse na noite deste domingo (1º) que a Catalunha “ganhou o direito de ser um Estado” após a realização do referendo sobre sua independência da Espanha.

“Ganhamos o direito de ter um estado independente”, afirmou.

Puigdemont prometeu levar o resultado da votação ao Parlamento para que se atue de acordo com a lei do referendo, que prevê a proclamação unilateral de independência.

O “Sim” venceu o referendo deste domingo com 90,09% (2.020.144 votos), o “Não” teve 7,87% (176.565 votos), votos em branco foram 2,03% (45.586) e nulos foram 0,89% (20.129). No total foram registrados 2.262.424 votos, segundo o governo catalão.

Os números foram divulgados pouco depois da meia-noite (19 horas em Brasília), com 95% dos votos apurados. Segundo o porta-voz do executivo regional, Jordi Turull, de um censo eleitoral de 5,3 milhões de pessoas, se registraram 2,26 milhões, das quais 2,02 (90%) votaram.

Em um pronunciamento, Puigdemont disse que a independência da Catalunha “já não é um assunto interno.
É um assunto europeu”. Ele afirmou ainda que a União Europeia não pode “continuar olhando para outro lado” em relação à violação de direitos humanos constatada neste domingo com as agressões sofridas pelos catalães pela polícia espanhola. “O governo espanhol escreveu hoje uma página vergonhosa em sua relação com a Catalunha”, criticou.

“Hoje a Catalunha ganhou muitos referendos. Temos direito de decidir nosso futuro”, acrescentou.

Poucas horas antes, porém, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, afirmou que “não houve um referendo de autodeterminação na Catalunha hoje”. A votação é considerada ilegal e não é reconhecida pelo governo espanhol.

Um forte esquema de repressão policial foi usado para tentar impedir a votação neste domingo e 844 pessoas ficaram feridas, segundo a Secretaria de Saúde do governo regional catalão.

Eleitores favoráveis ao referendo ocupavam colégios eleitorais havia dias para garantir a realização do referendo, enquanto a polícia espanhola realizava operações para apreender cédulas e material de votação e fechar locais que seriam usados neste domingo.

Centenas de milhares de catalães foram às ruas nas últimas semanas para protestar contra a campanha de Madri para suprimir a votação.

No último dia 20, a Guarda Civil espanhola prendeu o principal colaborador do vice-presidente da Catalunha, Josep Maria Jové. Ele é considerado o braço direito do independentista Oriol Junqueras.
Também foram presas outras autoridades que defendem a independência catalã, segundo a imprensa espanhola.

“O governo defende os direitos de todos os espanhóis e está cumprindo com sua obrigação. O Estado de Direito funciona”, afirmou o primeiro-ministro do país, o conservador Mariano Rajoy, ao ser questionado sobre as operações.

Os separatistas são maioria no Parlamento catalão desde 2015, mas segundo as pesquisas a sociedade catalã está muito dividida ante a independência da região de 7,5 milhões de habitantes.

Nas eleições regionais de 2015, os independentistas receberam 47,6% dos votos e os defensores da continuidade na Espanha 51,28%. Mas 70% dos catalães são favoráveis a decidir a questão em um referendo legal, segundo as pesquisas.

Apoiadores da independência comemoram resultado de referendo na Plaza Catalunya, em Barcelona, na noite de domingo (1º) (Foto: AP Photo/Santi Palacios)

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