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Tabelamento deixa frete rodoviário 12%, em média, mais caro para a indústria

27/08/2018 15h29
Por: Redação

A tabela do frete rodoviário está em vigor há quase 90 dias e a medida tomada para se pôr fim à paralisação dos caminhoneiros já mostra a dimensão de seus impactos sobre o setor produtivo. Nove em cada dez (88%) empresas da indústria já perceberam aumento no custo do transporte, que subiu 12%, em média, na comparação com o período anterior à crise. O aumento se verifica tanto no custo do frete pago para o recebimento de insumos e matérias-primas quanto no que se paga na distribuição dos produtos industrializados.

Um retrato dos efeitos da política de preços mínimos sobre a indústria está na Consulta Empresarial: Impactos do tabelamento do frete rodoviário, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento, que teve a participação de 688 empresas industriais, confirma as consequências antevistas do tabelamento do frete sobre os custos de produção da indústria, num momento em que a economia se recuperava de forma errática.

“Ainda que a indústria supere o patamar anterior à paralisação, a retomada se dará em condições menos favoráveis: mais incerteza, mais insegurança, custos de produção mais altos, produtos mais caros e a competitividade debilitada. E, infelizmente, é a população quem vai pagar a conta”, afirma Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Políticas Econômicas da CNI .

AUMENTOS – Entre os consultados, 68,2% identificaram que o frete está pesando mais no custo de transporte de insumos e matérias-primas. Quando perguntadas em que proporção o transporte ficou mais caro, 35,6% das empresas afirmaram que a alta foi superior a 10% – 3,6% indicaram alta acima de 50%. Com o frete mais caro, metade das empresas (52,7%) já tiveram de pagar mais – 7,2%, em média – por seus insumos e matérias-primas, na comparação com o preço praticado antes da crise, e outras 25,1% acreditam que ainda terão de arcar com aumentos.

O escoamento dos produtos industrializados também ficou mais caro, segundo 63,8% das empresas que responderam a consulta. Embora 26,3% das empresas não tenham percebido a alta no preço do frete, 36,7% das companhias afirmaram que a alta superou 10% em relação ao praticado antes da paralisação. O aumento médio foi de 12,2% por conta da política de preços mínimos.

Saídas e alternativas

Obrigadas a arcar com custos mais elevados, caso continuem contratando o transporte autônomo de cargas, as empresas passaram a estudar alternativas que se mostrem mais viáveis. Entre as possíveis medidas para lidar com o tabelamento, o repasse do custo do frete para o comprador da mercadoria é a possibilidade mais assinalada, com 37,2% das respostas (a pesquisa solicitou a assinalação de todas as ações que se pretende tomar).

A criação de uma tabela de frete também pode resultar na redução da demanda para o transportador autônomo, para quem foi criado o piso mínimo. A compra de caminhões ou a expansão da frota é a segunda opção mais assinalada, indicada por 27,4% das empresas, seguida pela migração de parte ou todo o transporte de sua carga para empresas de transporte, assinalado por 21,6% das empresas. Para 17,5% das ouvidas, a saída pode ser mais radical: suspender ou reduzir as vendas para determinadas rotas, com impactos na oferta de produtos para algumas localidades ou regiões.

Obstáculos

Apesar da busca por alternativas para evitar os custos decorrentes do tabelamento do frete, as empresas esbarram nas deficiências da infraestrutura brasileira quando buscam por modais alternativos. “Mais de um terço (34,3%) das empresas consultadas não consegue mudar a modalidade de transporte rodoviário para outro (ferroviário, aquaviário ou aeroviário), simplesmente porque não há alternativa de outro modal”, afirma o documento.

Apenas 2,2% das empresas avaliaram como fácil ou muito fácil a decisão de buscar um novo modal para o transporte de suas cargas. Nada menos que 44,8% das consultadas afirmaram ser difícil ou muito difícil trocar as rodovias, como utilizam atualmente, por outra forma de escoamento da produção. Ao todo, 79,1% das empresas ouvidas ou não têm alternativa ou têm dificuldades em fazer a mudança. A consulta foi respondida por 688 empresas de todo país entre 31 de julho e 13 de agosto de 2018.

(O Liberdade)

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