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Corpos de estudantes mortos a tiros por colega em sala de aula são velados em Goiânia

Publicado em 21/10/2017 06h05

Corpos de estudantes mortos a tiros por colega em sala de aula são velados em Goiânia

Adolescente filho de policiais militares levou pistola .40 da mãe para colégio e efetuou 13 disparos contra alunos. Além dos dois mortos, quatro ficaram feridos.

G1

Os corpos dos estudantes João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 14 anos, são velados em cemitérios de Goiânia neste sábado (21). Os adolescentes foram mortos a tiros por um colega, filho de policiais militares, que efetuou 13 disparos em uma sala de aula do Colégio Goyases na sexta-feira (20). Outras quatro pessoas ficaram feridas.

O velório do estudante João Vitor teve início por volta de 1h no Cemitério Jardim das Palmeiras. Segundo colegas da vítima, ele e o atirador eram amigos e andavam juntos com frequência. O enterro dele está previsto para as 11h deste sábado no mesmo local.

Já o velório do adolescente João Pedro teve início por volta de 0h30 no Parque Memorial. Também conforme estudantes do colégio onde ocorreu o ataque, o garoto seria o alvo do autor dos disparos, por fazer bullying com o colega. O sepultamento do corpo está agendado para 10h.

Conforme informou o Instituto Médico Legal (IML) à TV Anhanguera, foi feita necropsia nos corpos e eles foram liberados por volta de 21h40 de sexta para as famílias.

Vigília

No início da noite desta sexta-feira, pais, alunos, funcionários e professores da escola começaram uma vigília na porta da instituição onde o atentado aconteceu. Várias pessoas se mobilizaram no local acendendo velas e fazendo orações.

A professora Sandra Oliveira Santos esteve no local para participar das homenagens e contou que todos ainda estão muito abalados com o ocorrido. “A gente ainda está meio assustado. Você não sabe se fica com mais piedade daquele que realmente cometeu o ato ou daqueles que foram vítimas”, disse.

TirosConforme a Polícia Civil, o adolescente atirou contra os colegas no fim da manhã de sexta-feira dentro da sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera. Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o adolescente de 14 anos autor dos disparos disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Ele é filho de policiais militares, pegou a pistola .40 da mãe e levou para a unidade educacional.

“Ele ia matar todo mundo. Levou dois carregadores para a escola. Descarregou o primeiro, carregou o segundo, deu um tiro, mas foi abordado pela coordenadora. Ele pensou até em se matar, apontou a arma para a cabeça, mas ela o convenceu a travar a arma”, disse ao G1.

Funcionários da escola levaram o autor dos disparos para a biblioteca para aguardar a chegada dos policiais. Ele foi apreendido e levado para a Depai, onde contou que atirou primeiro contra João Pedro porque ele fazia bullying com o suspeito.

Escola

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sepe) de Goiânia junto ao Conselho Estadual informou à TV Anhanguera, por meio de nota, nesta sexta-feira, que estão dando todo apoio à escola e aos parentes dos alunos da instituição.

Ainda conforme os órgãos, representantes foram até o colégio, conversaram com professores e direção e apuraram que o estudante autor dos disparos não apresentava comportamento suspeito. O texto destaca que as aulas no Colégio Goyases estão suspensas sem previsão de retorno.

Baleados

Além dos dois adolescentes mortos, quatro colegas ficaram feridos. O pai da estudante Marcela Rocha Macedo, de 13 anos, trabalha na escola e viu a filha baleada. Ele conta que chegou a temer pela própria vida. “Ele [adolescente] apontou a arma para mim. Achei que ia morrer”, disse o auxiliar administrativo Mauri Aragão.

O estudante Yago Marques, de 13 anos, também ficou ferido. Apesar de estar baleado, o garoto gravou um vídeo dizendo que está se recuperando bem do “susto”. O pai dele, Tiago Barbosa Gomes, contou que levou o filho e outra estudante no próprio carro até o hospital. A mãe de Hyago, Andréa Marques, conta que, segundo seu filho, não houve qualquer briga que motivasse os tiros.

Dos quatro feridos, três foram levados para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e um foi encaminhado para o Hospital dos Acidentados, ambos na capital. Confira os estados de saúde deles:

Yago Marques – 13 anos: Foi atingido no tórax com menor gravidade e não precisou passar por cirurgia. Ele respira normalmente, está acordado, conversando e internado na enfermaria.

Isadora de Morais – 14 anos: Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão, passou por uma cirurgia para drenagem do tórax e está em estado grave, na UTI e respirando com ajuda de aparelhos. Ela ainda corre risco de vida.

Lara Fleury Borges – idade não confirmada: Está internada na enfermaria do Hospital dos Acidentados em estado estável e respirando espontaneamente.

Marcela Rocha Macedo – 13 anos: Ela também foi baleada no tórax, teve o pulmão esquerdo perfurado, passou por cirurgia e está internada na enfermaria. Paciente está consciente e respirando sem aparelhos.

O que se sabe até agora:

Veja a sequência dos fatos:

  • Colegas relatam que ouviram um barulho

  • Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando

  • Alunos correram para fora da sala de aula

  • O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma

  • Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais

João Pedro Calembo (à esquerda) e João Vitor Gomes morreram após tiros em escola de Goiânia (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

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