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Demanda mundial puxa exportações de minério de ferro em MS

Publicado em 18/02/2018 09h50

Demanda mundial puxa exportações de minério de ferro do maciço de Urucum

Vendas externas do produto proporcionaram receita de US$ 12 milhões em janeiro, a maior em três anos

Da redação

Depois de um período de baixo desempenho, em razão da queda da demanda mundial, o minério de ferro começou a recuperar, em 2017, os níveis de produção e exportação de Mato Grosso do Sul. De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), a recuperação do setor começou a ser sentida em janeiro de 2017 e já em dezembro deu sinais de aceleração de crescimento ao se incluir entre os 10 principais itens da balança comercial do Estado. O minério de ferro é o sétimo produto no ranking das exportações, atrás da soja em grão, celulose, carne bovina, açúcar, milho e frangos.

“O minério de ferro reverteu a queda de 2016 com considerável aumento em 2017 e boas expectativas para 2018. Em janeiro deste ano rendeu US$ 12 milhões, com crescimento de 81% nas exportações em relação ao mesmo período do ano passado”, destaca o secretário da pasta, Jaime Verruck, lembrando que a mineração “é extremamente importante para o desenvolvimento das sociedades. A demanda por aço é crescente no mundo todo, como demonstram as estatísticas e a própria evolução da nossa balança comercial”.

De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Midc), no ano passado, Mato Grosso do Sul exportou 3,742 milhões de toneladas de minério de ferro, garantindo divisas de US$ 124,031 milhões. Alta ainda mais expressiva foi registrada nas exportações de manganês. Embora com participação inferior na balança comercial (1,89%), o minério gerou um faturamento de US$ 90,615 milhões, 74,11% a mais em comparação a 2016.

De acordo com o secretário Jaime Verruck, Mato Grosso do Sul vive um momento muito bom para estimular a extração e a produção de minério de ferro, primeiro por que há uma demanda muito grande em todo o mundo e, segundo, porque Mato Grosso do Sul é a segunda maior região ferrífera do Brasil, depois do quadrilátero formado por Minas Gerais.

O minério de ferro e o manganês da reserva de Urucum são de ótima qualidade e tudo que é extraído do maciço de Corumbá e Ladário é destinado à China e Argentina. Das reservas brasileiras, o estado de Minas Gerais tem o produto com maior teor de ferro, seguido por Mato Grosso do Sul e Pará (Carajás). China e Austrália são grandes produtores, mas seus minérios não apresentam a mesma qualidade.

A indústria de base é a que mais precisa do minério de ferro para dar continuidade a seus procedimentos, visto que o ferro é considerado como um importante componente para muitas linhas de produção. A siderurgia é o principal destino, consumindo 75% de todo minério extraído das jazidas, para constituição do aço, usado na indústria automobilística, nas estruturas da construção civil, máquinas e eletrodomésticos em geral.

Força econômica

Segundo a Semagro, Mato Grosso do Sul tem 165 empresas ligadas ao setor extrativista mineral, distribuídas em 10 municípios (Corumbá, Ladário, Bela Vista, Terenos, Três Lagoas, Campo Grande, Itaporã, Bodoquena, Paraíso das Águas e Miranda, que geram mais de 4,3 mil empregos formais e valor bruto de produção estimado em R$ 3,876 milhões. Em relação as exportações do setor, 57% são referentes a minério de ferro, 35% de minerais não metálicos, 6% de ferro gusa e ferro-ligas e 2% de produção de metal.

Câmara Setorial instituída pelo Governo do Estado, em junho de 2017, e a criação da Agência Nacional de Mineração, formalizada no início deste ano, vão acelerar o processo de expansão da produção de minério de ferro e desenvolver outros 12 elos da cadeia da indústria mineral.

O desempenho da cadeia da mineração no Estado pode ser avaliado em pelo menos oito dos 13 elos da indústria e serviços do extrativismo mineral: minério de ferro, manganês, água, calcário, argila, brita, areia, cascalho e cimento. O reposicionamento do Estado no setor abre a perspectiva, também, da instalação de um polo minero-siderúrgico.

No caso do manganês, Mato Grosso do Sul triplicou a lavra e hoje responde por 22% de toda produção brasileira. As maiores reservas estão em Minas Gerais (87%), MS (6,5%) e Pará (4,3%). A principal aplicação do manganês é na fabricação de ligas metálicas (ferro-liga).

Segundo o superintendente de Indústria, Comércio e Serviços e Turismo da Semagro, Bruno Gouvêa Bastos, das 13 atividades exploradas no Estado, destacam-se a do crescimento da produção de água mineral e a importância do calcário. Mato Grosso do Sul tem a segunda maior reserva de rochas calcárias do Brasil, com 10 bilhões de toneladas.

Incentivos fiscais

O setor da mineração dispõe de quatro medidas tributárias que incentivam a produção no Estado. Isenção interna e redução da base de cálculo de 60% do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações interestaduais de calcário e gesso destinados ao uso exclusivo na agricultura, como corretivo ou recuperador de solo; isenção e redução da base de cálculo do ICMS de 60% nas operações interestaduais de gipsita, vermiculita e fosfato natural bruto; isenção interna para argila destinada à fabricação de produtos cerâmicos: e isenção de ICMS nas operações de vendas internas de cimento, areia ou pedra destinados à execução de obras de reparação de rodovias dentro do Estado.

De acordo com a Federação das Indústrias, nas empresas do setor extrativo mineral, com valor bruto de produção equivalente a 4,5% da indústria (cerca de R$ 1,49 bilhão), trabalham 2.634 funcionários, que ganham o segundo melhor salário médio do setor industrial, R$ 2.729. A massa salarial movimentada pela mineração chega a R$ 86,3 milhões.

Produção de minério de ferro em Corumbá (Foto: Divulgação/Governo)

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