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‘Estelionatários de mão cheia’, diz vítima que perdeu R$ 3 mil no golpe das panelas em Campo Grande

Publicado em 11/01/2018 14h15

‘Estelionatários de mão cheia’, diz vítima que perdeu R$ 3 mil no golpe das panelas em Campo Grande

Servidor público diz que grupo criminoso possivelmente montou sites fakes e utilizam até uniformes de supostos representantes comerciais do produto

G1/MS

Uma das vítimas do golpe das panelas, em Campo Grande, diz que o grupo criminoso possui uma maneira muito profissional de abordar as pessoas. De acordo com o servidor público, de 40 anos, que prefere não se identificar, eles montaram sites fakes e até uniformes de supostos representantes comerciais do produto.

“Eles são estelionatários de mão cheia, marginais mesmo. Eu não gosto de comprar nada na rua, mas, eles insistiram até eu conhecer as panelas, dizendo serem de excelente qualidade. Além da boa vestimenta, eles andam com caminhonetes novas, ressaltando que são do sul e que participavam de uma exposição em Campo Grande. Como não venderam tudo, estavam fazendo uma ponta de estoque”, comentou a vítima.

A abordagem, no caso dele, ocorreu por volta das 21h (de MS), em uma supermercado atacadista, na avenida Duque de Caxias. “Eu fui fazer a compra e eles na abordaram na entrada e na saída. A panela informavam ser de origem alemã, com fundo cerâmico e aço cirúrgico. São muito educados, dizendo que é um produto de inox e que pode custar até R$ 8 mil aos clientes. Eles ressaltam que o carro é alugado, precisam retornar para a cidade e não pagariam bagagem extra no avião, por isso estão fazendo aquela promoção relâmpago”, ressaltou.

Em certo momento, o servidor conta que a sua esposa ficou receosa de efetuar a compra, sendo o momento em que eles tentaram separar o casal. “Eles tentaram tirar a atenção dela, conversando sobre crianças. Eu busquei ali mesmo referência na internet e eles mostraram um site que estaria no mercado livre, mostrando preço de até R$ 10 mil nas panelas. Eu então paguei R$ 3 mil na compra, dividindo em 12 vezes de R$ 250”, comentou.

Ao chegar em casa, a vítima conta que optou por fazer uma nova pesquisa. “Eles falaram que era compatível ou até melhor que a Royal Prestige, que é uma marca que já conhecia. No entanto, ao colocar o nome desta panela, já comecei a ver diversas vítimas do golpe, inclusive com o mesmo modo de agir. Eu tentei contato telefônico inúmeras vezes e agora estou peregrinando em banco, Procon e delegacia para tentar resolver o meu problema”, ressaltou.

Entenda o caso

A Polícia Civil investiga vendedores ambulantes de panelas, que estariam enganando as pessoas em diversos bairros da cidade. Até o momento, 8 boletins de ocorrência foram registrados, nos quais as vítimas relatam problemas com os produtos e também diferença de valores, entre o informado pelos suspeitos e o que realmente foi feito na transação bancária.

“Nós estamos informando a população para ter cuidado. São cerca de 10 famílias de Goiás e que estão sem documento, com exceção das crianças. A documentação dos carros também não foi apresentada até então. A reclamação é que eles informam que as panelas são de teflon (material que apresenta grande resistência ao calor), mas, se trata de outro material”, afirmou ao G1 o delegado Reginaldo Salomão, da Delegacia Especializada de Repressão à Roubos e Furtos (Derf).

Além disso, uma das vítimas informou que passou R$ 100 na máquina de cartão. No entanto, tempos depois, constatou que o valor a ser debitado foi de R$ 1000. “Nós fizemos dois flagrantes, após denúncia. Dezenas de panelas estão aqui na delegacia e o advogado deles informou que irá apresentar a devida documentação. Estamos aguardando”, ressaltou Salomão.

Se confirmado o crime, os envolvidos podem responder por estelionato. Nessa terça-feira (9), a Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco) apreendeu veículos e falta de material de origem lícita. Os envolvidos serão intimados para esclarecimentos.

“Eles andam com diversas maquinás e tivemos a informação que dispensaram máquinas. O que as pessoas precisam entender é que esse tipo de compra não existe garantia. Além disso, devem observar a origem do produto. Uma panela de teflon, neste preço, é quase impossível hoje em dia”, finalizou o delegado.

Panelas que foram apreendidas pela polícia em MS (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

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