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Escassez de material genético dificulta laudos no caso Kauan

Publicado em 25/10/2017 11h45

Escassez de material genético dificulta laudos no caso Kauan

Provas serão acrescentadas adiante no processo, diz Ministério Público

A escassez de materiais genéticos para confronto dificultam a conclusão dos laudos de DNA do menino Kauan Andrade Soares dos Santos, de 9 anos, que foi estuprado, morto e esquartejado em Campo Grande, e jamais teve o corpo encontrado. O professor Deivid de Almeida Lopes, de 38 anos, está formalmente denunciado pelo crime desde a primeira quinzena de setembro, com base em outras provas, mas até agora não foi possível confirmar se o sangue coletado na casa e no carro dele, realmente é da vítima. A demora se dá porque o Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (Ialf) precisa de amostras de DNA adicionais para poder emitir parecer.

Na coletiva de imprensa de apresentação do caso, em agosto, os delegados responsáveis pelas investigações, Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), e Aline Sinnott Lopes, da Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude (Deaij), relataram a dificuldade em encontrar material genético confiável para encaminhar ao Ialf. Kauan vivia em um ambiente com outros irmãos de pais diferentes, que compartilhavam roupas e até mesmo itens pessoais como a escova de dentes. O pai, por sua vez, está preso no interior de São Paulo e não foi divulgado até o momento se ele cedeu material.

Glória Setsuko Suzuki, coordenadora-geral de perícias de Mato Grosso do Sul, comentou que nos exemplares colhidos na residência e no veículo de Deivid havia indícios de que pertencessem a uma pessoa do sexo masculino, parcialmente compatível com o DNA da mãe de Kauan. “A tarefa do Ialf leva tempo porque é preciso analisar de forma eliminatória [de possibilidades] cada amostra com muito cuidado. Um exame leva em média uma semana para ficar pronto. Em seguida vem a comparação dos dados matemáticos”, explicou ela, lembrando que uma amostra confiável do garoto, ou do próprio pai, mudaram o cenário. “Seria o ideal”, completou.

Laureto disse nesta manhã que, por enquanto, não há outras diligências a serem feitas e que só as fara caso a justiça considere necessário, uma vez que o inquérito já foi relatado com o indiciamento do professor e participação de quatro adolescentes. “O que cabia à DEPCA já foi feito. É possível que até o resultado dos laudos, quando ficarem prontos, sejam encaminhados diretamente pelo Ialf ao Ministério Público Estadual”, pontuou. O indiciamento foi pautado no relato dos envolvidos e em outras provas colhidas na casa de Deivid, que mora na Rua da Praia, na Coophavilla II.

O processo tramita na 7ª Vara Criminal Especializada da Capital. O professor foi inicialmente denunciado pelo inquérito de exploração sexual de menores e estupro de vulnerável, mas houve aditamento e outros dois inquéritos, referentes à morte de Kauan e a posse de conteúdo pornográfico com crianças e adolescentes, foram acrescidos ao processo. O promotor de justiça Antônio Botelho de Carvalho, da 69ª Promotoria, afirma que Deivid está em vias de ser citado por todos os crimes e que, a ausência do corpo ou até mesmo a incerteza dos DNAs não vão comprometer a acusação. “Os relatos dos adolescentes se transformaram em provas contundentes. Os depoimentos foram coerentes e vamos encaminhar sem os DNAs. Estes laudos serão incorporados mais adiante à provas”, pontuou.

O caso

Kauan foi visto pelo última vez no dia 25 de junho, quando saiu de casa para cuidar de carros durante a noite, na Coophavilla. Lá, foi convidado por um adolescente de 14 anos para ir a casa do professor, pois eles costumavam manter relações sexuais com ele, em troca de pequenas quantias em dinheiro. Durante o ato, Kauan morreu por asfixia, já que teve a boca tapada para não gritar. Outros adolescentes que cheagram em seguida e viram o corpo foram obrigados a violentá-lo. O autor em seguida esquartejou o menino e supostamente jogou o corpo no Rio Anhanduí, no Aero Rancho. O autor foi preso cerca de um mês depois.

***Correio do Estado

Delegados Lauretto e Aline durante coletiva de imprensa em agosto. - Foto: Valdenir Rezende/Arquivo

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