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Quatro médicos são denunciados falsidade ideológica a partir de escutas da Sangue Frio

Publicado em 05/07/2017 19h22

Quatro médicos são denunciados falsidade ideológica a partir de escutas da Sangue Frio

Operação apurou desvio de recursos públicos do Hospital do Câncer de Campo Grande entre 2004 e 2012.

G1 MS

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou na terça-feira (4) quatro médicos por falsidade ideológica ao falsificarem o atestado de óbito da paciente Maria Domingues Lopes Dias, em 2012, no Hospital Universitário, em Campo Grande.

A ação penal foi baseada em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça durante a Operação Sangue Frio, deflagrada em 2013. A morte foi declarada como “causa diversa”, mas o real motivo seria uma “perfuração no ventrículo esquerdo”.

Os médicos João Jackson e José Carlos Dorsa foram gravados combinando a omissão do erro e a alteração dos documentos oficiais do hospital para escapar de eventual responsabilidade. Guilherme Viotto e Augusto Daige, também atuaram como cirurgiões e assinaram a omissão da ocorrência, sonegada tanto no atestado de óbito, quanto no Relatório Geral de Operação do HU.

A defesa de João Jackson informou que ainda não foi notificada sobre a denúncia. A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos demais denunciados.

Segundo o MPF, Jackson e Dorsa, além de fraudarem registros oficiais, utilizaram outro documento falso para se defender. Eles foram investigados pelo Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) e, nos autos de sindicância, apresentaram laudo médico fraudulento para embasar as defesas.

As penas podem chegar a 12 anos de reclusão e multa, por se tratar de documento público e os médicos serem servidores do HU. Na Justiça, o MPF ainda pede a condenação dos acusados por dano material e moral coletivo.

Operação

No dia 19 de março de 2013, PF, a Controladoria Geral da União (CGU) e os Ministérios Públicos Federal e Estadual recolheram documentos e computadores no Hospital Universitário (HU) e no Hospital de Câncer Alfredo Abrão.

Quando a operação foi deflagrada, os suspeitos já estavam sendo investigados. Diretores dos hospitais, funcionários e fornecedores tiveram o sigilio telefônico quebrado. Dos inquéritos concluídos, um já está com o Ministério Público Federal (MPF) e os outros dois devem ser encaminhados nos próximos dias.

Três pessoas foram indiciadas na investigação que apura irregularidades no Hospital de Câncer: o médico e ex-diretor da unidade de saúde, Adalberto Siufi; a filha dela, ex-diretora finaneira do hospital, Betina Siufi, e o ex-tesoureiro de lá.

Os três podem responder pelos crimes de estelionato, peculato e violação de dever na administração pública, todos na forma continuada, que é quando as irregularidades se repetem várias vezes.

A Justiça Federal aceitou a ação de improbidade administrativa contra ex-diretores do Hospital do Câncer Alfredo Abrão pelo prejuízo de R$ 26.973.011,01 em setembro de 2015.

Respondem pelo prejuízo os ex-diretores do hospital Adalberto Abrão Siufi e Issamir Farias Saffar; o ex-diretor presidente, Luiz Felipe Terrazas Mendes; ex-presidente da Fundação Carmen Prudente (mantenedora do hospital), Blener Zan; ex-administradora Betina Moraes Siufi Hilgert; e Adalberto Chimenes, ex-funcionário.

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