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Semagro e UFMS lançam projeto de hortas agroecológicas em comunidades indígenas urbanas

11/12/2018 15h26
Por: Redação

Um grande projeto que leva geração de renda de forma sustentável às famílias indígenas moradoras das cidades e regiões periféricas começa a ser implantado por Campo Grande e mais duas cidades do interior.

O projeto Agricultura Periurbana em Comunidades Indígenas de Mato Grosso do Sul, desenvolvido em parceria pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) foi lançado nessa segunda-feira (10.12), em solenidade no anfiteatro do Complexo Multiuso da universidade.

O Projeto tem ainda as parcerias com prefeituras e recebeu recursos de emendas parlamentares destinadas pelos deputados federais Vander Loubet e Zeca do PT. Na coordenação está a professora Vanderleia Mussi, do curso de História da UFMS, e o responsável técnico é o engenheiro agrônomo, Altair Luiz da Silva, da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), órgão vinculado à Semagro.

O lançamento contou ainda com a presença do pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS, Marcelo Pereira, e um público significativo das comunidades atendidas.

Com um leque de benefícios, a iniciativa fortalece e dá melhores condições de vida às comunidades e atende ao menos duas metas da Organização das Nações Unidas (ONU) dentro do programa de Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (Epanb): Meta 4 “Produção e consumo sustentáveis” e a Meta 18 “Respeito às populações e conhecimentos tradicionais – Fortalecimento dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais”. A ONU estipulou 20 metas no programa Epanb para serem alcançadas até 2020, em todo o planeta.

O projeto

O Projeto consiste na construção de hortas comunitárias agroecológicas. O engenheiro Altair da Silva explica que o nome já conceitua a ideia: uma horta que vai ser trabalhada de forma comunitária, beneficiando todos os moradores da localidade atendida, e persegue o modelo de produção sustentável, com economia de energia, água, manejo de pragas, sem uso de fertilizantes e defensivos químicos.

São atendidas nessa primeira fase do projeto duas comunidades de Campo Grande: a aldeia Água Bonita, que reúne cerca de 200 famílias, e a Comunidade Terapêutica do Lageado, uma iniciativa do Frei Jonas que atende aproximadamente 500 pessoas daquela região. É a única associação não indígena, mas com um trabalho social vigoroso que justifica sua inclusão no Projeto.

As duas comunidades receberam uma estufa com 84 metros quadrados equipada com sistema de irrigação. Na aldeia Água Bonita estão sendo instalados, ainda, 23 telados com 80 metros de comprimento cada e sistema de irrigação por gotejamento. Também insumos, sementes e ferramentas. Nas estufas a ideia é produzir mudas que serão transplantadas nos canteiros telados e, no caso da Comunidade do Frei Jonas, distribuídas para os moradores plantarem suas próprias hortas.

No interior são atendidas duas comunidades: aldeia 10 de Maio, em Sidrolândia, e a Aldeinha, em Anastácio. Ambas ganharam duas estufas de 84 metros quadrados com sistema de irrigação, mais 200 metros quadrados de telados com irrigação por gotejamento para desenvolvimento das plantas em canteiros. As estufas e os telados permitem a produção de verduras folhosas (alface, couve, cheiro verde, almeirão, rúcula, etc) mesmo na estação mais quente do ano, o Verão, quando as chuvas e o calor são intensos.

Água Bonita

Essa possibilidade já anima as famílias da Água Bonita, tradicional comunidade indígena urbana de Campo Grande que trabalha com a produção de hortaliças há vários anos. O presidente da Associação e coordenador da Horta Comunitária, Auder Romeiro Larréia, conta que no Verão a produção e a renda caem pela impossibilidade de plantar verduras muito apreciadas pela população, como alface e rúcula.

“As chuvas e o sol forte não deixam crescer. Mas com os telados e a estufa isso será possível”, diz ele. A aldeia tem um sistema comunitário de produção e distribuição dos lucros obtidos pela horta, que representa a principal fonte de renda dos moradores. Larréia conta que 10% de tudo que se produz são distribuídos igualmente entre os moradores para consumo próprio e o resto é vendido no comércio ao redor. “Já cheguei a tirar seis mil reais em um mês”, conta ele.

A chegada da estufa pode representar um incremento significativo na renda das 23 famílias da Água Bonita. “Vai dar pra ganhar o dobro”, estima Larréia, considerando que no Verão o preço das verduras sobe pela dificuldade de produção.

A ideia é agregar novas técnicas e expandir as hortas, conta o engenheiro agrônomo Altair Silva. “Já trabalhamos com a possibilidade de implantar a hidroponia e a produção vertical. São muitas as técnicas para melhorar a produtividade, vai depender bastante do envolvimento da comunidade e de novas fontes de financiamento para o projeto.”

Semagro e UFMS lançam projeto de hortas agroecológicas em comunidades indígenas urbanas

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