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Para discutir “questões colonizadoras”, indígenas LGBTs lançam mídia autoral

Projeto é comandado por jovens de MS, MT, ES, BA, PA, SP e MA, das etnias Terena, Tupinikim, Tuxá, Boe Bororo e Guajajara.

10/08/2019 14h57
Por: Elverson Cardozo

Indígenas LGBTs existem e a diversidade também é uma realidade presente entre os povos originários do Brasil, seja nas aldeias ou em centros urbanos. Essa é a mensagem principal por trás do Tibira, projeto de mídia social, independente e colaborativo, presente no Instagram e Facebook. À frente da iniciativa, apresentada como inédita, estão sete jovens, com idades entre 19 e 32 anos, pertencentes a territórios tradicionais nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia, Pará, São Paulo e Maranhão. São três mulheres (duas lésbicas e uma bissexual), três homens gays e uma pessoa que foge ao binarismo sexual e de gênero, se identificando como queer.

Trata-se de um coletivo representado por membros das etnias Terena, Tupinikim, Tuxá, Boe Bororo e Guajajara. Uma cabocla paraense, com raízes no Baixo Tocantins, completa a lista de integrantes. A maioria tem nível superior e está na pós-graduação, desenvolvendo pesquisas de ações afirmativas entre seus povos. Juntos neste projeto, eles querem discutir questões colonizadoras e dar visibilidade à causa, abrindo espaço para outros integrantes da sigla. O objetivo do grupo é promover a troca de experiências e informações, fortalecer protagonismos entre indígenas e aliados, na tentativa de construir um movimento social solidificado, levando em conta, sempre, aspectos próprios da cultura em que estão inseridos

Boe Bororo, natural da aldeia Meruri, reserva indígena de General Carneiro (MT), o designer e mestrando em antropologia social pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Neimar Leandro Marido Kiga, de 23 anos, que hoje mora em Campo Grande (MS) para estudar, resume a proposta em entrevista ao Dois Iguais:

“É uma mídia pra mostrar que também existimos. A sociedade não indígena, principalmente, desconhece essa questão. Muitos acreditam que é vinda de fora, mas todos sabemos que sempre existiu entre as populações mais antigas”.

Não à toa o nome do projeto é Tibira, explica, ao comentar que há um contexto histórico envolvido. E a história remete à primeira vítima de homofobia documentada no Brasil: o índio Tibira, da tribo dos Tupinambás (no Maranhão), assassinado em 1964 a mando do missionário francês Yves d’Évreux (1577–1632), da Ordem dos Capuchinhos, que determinou sua prisão, tortura e execução na boca de um canhão. O crime? Ser homossexual, conduta tida como “sodomia” e “pecado nefando”.

Guardadas as devidas proporções, pouca coisa mudou desde que Tibira foi assassinado, por isso a mídia “retorna ao século XXI re-significado, como símbolo de resistência e até mesmo como comprovação da existência de condutas homossexuais e/ou dissidentes entre indígenas, antes mesmo da colônia”, diz parte do texto de apresentação do projeto no Instagram.

Infelizmente, afirma Neimar, narrativas opressoras e de preconceitos, que impõem condições discriminatórias a LGBTs indígenas, ainda são comuns entre algumas etnias, daí a importância de um meio segmentado, que surge não apenas para dar visibilidade, mas informar e, mais que isso, educar.

“Estávamos sofrendo muito por não encaixar no modelo colonizador que nos foi imposto, havendo muito preconceito dos próprios indígenas. Ambas sociedades viam e ainda veem como uma perda cultural, que o meio LGBT é ofensivo para a cultura, sendo que não é”, relata.

O pesquisador acredita que a mídia veio para mostrar o que eles são e o que fazem, “tentando descolonizar algumas questões e estereótipos”. Fácil não é, reconhece, mas completa:

“Se nós não falarmos sobre isso, ninguém vai falar e continuaremos na mesma sempre. Foi um afronte, mas está valendo a pena”.

RAÇA, GÊNERO E SEXUALIDADE: A MULHER INDÍGENA NO MOVIMENTO LGBT+

Pesquisando questões que envolvem as lesbianidades indígenas no Mato Grosso do Sul, a geógrafa e também mestranda em antropologia social, Tanaíra Sobrinho, de 28 anos, indígena urbana de Campo Grande (MS), não pensou duas vezes antes de aceitar o convite para participar do projeto e justifica a escolha:

“Eu que sou mulher, indígena e lésbica, prontamente aceitei, já que venho observando a invisibilidade da temática dentro do movimento e comunidades indígenas há algum tempo. Existe um discurso muito forte dentro de algumas comunidades baseadas na moralidade cristã, além do modo de ser indígena de acordo com a tradição de cada etnia, que colocam as pessoas LGBTs em condições de vulnerabilidade, assim como a sociedade não indígena também”.

Importante salientar, no entanto, que “cada etnia tem suas especificidades”, alerta Tanaíra: “Algumas lidam de forma mais tranquila com a homossexualidade e as expressões fora da lógica normativa de gênero e sexualidade e outras nem tanto”. Para ela, a iniciativa busca agregar parentes que estão fora da lógica hétero-normativa-binária, conferindo visibilidade a esses sujeitos.

Dizer que LGBTs indígenas existem parece algo óbvio, mas em tempos de obscurantismo até o que é evidente precisa ser reforçado, do contrário a negação, sem qualquer evidência científica, ganha contornos perigosos. Tanaíra sabe disso.

Como integrante do movimento indígena e LGBT+, a pesquisadora costuma dizer que é a “articulação de todas as identidades subalternizadas ao longo da história do Brasil e da humanidade, principalmente vivendo na cidade, com contato direto com os não indígenas, racismos, machismos, preconceitos e estigmas diversos”. Mas ela segue resistindo, ou melhor, “na resistência”, como prefere dizer. A luta, neste caso, nunca foi uma escolha.

SILÊNCIO QUE NEGA A EXISTÊNCIA

Sentimento semelhante tem a ilustradora (“de raízes e memórias”, como costuma se apresentar nas redes sociais) e estudante de Letras pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), Eduarda Arfer Jurum Juntá Tuxá, 25 anos, mulher índigena, lésbica, da etnia Tuxá, no município de Rodelas (BA).

Ela, que também integra a equipe do Tibira, usa a escrita, artes visuais e as mídias sociais para “descolonizar o imaginário que circunda o ser indígena e promover o empoderamento e a resistência”.
Eduarda tem um blog, o Aldeia Literária, onde compartilha experiências literárias, artísticas e produções autorais indígenas. No início do ano, a acadêmica aproveitou o espaço para falar sobre o assunto. Em um texto intitulado “Mulher Indígena e Sapatão”, ela conta como foi a descoberta da própria sexualidade.

“Ser mulher indígena e sapatão é antes de tudo encarar a solidão e uma carga de discriminações que se acumulam em meu corpo. Eu nasci e cresci em uma comunidade indígena, praticando os costumes e rituais que formam o ser Tuxá. Já na adolescência me entendi como mulher lésbica, porém só depois de um longo período de sofrimento, culpa e de variadas tentativas de forjar minha heterossexualidade, eu consegui me assumir. Foi um baque. Eu estava sozinha nessa. A minha comunidade não estava pronta para entender o meu lugar e não posso os julgar por isso. Eu tive que conquistar o meu respeito através da luta”.

À época, sem referências dentro e fora do povo Tuxá, cujo silêncio, relata, “era ensurdecedor”, Eduarda teve a estranha sensação de não mais pertencer ao movimento indígena, onde muitos rechaçam a homossexualidade e ainda acreditam ser coisa de branco e, portanto, aculturação. Não reconhecer a existência dessas pessoas traz consequências perigosas, alerta.

“Esse silêncio nega a nossa existência e nos empurra para um não lugar, vulnerável a preconceitos, agressões, depressão e até mesmo ao suicídio. Muitos indígenas LGBT’S acabam saindo de suas comunidades para viverem livremente a sua sexualidade e acabam muitas vezes sendo marginalizados na cidade em função não só de sua sexualidade, mas por sua origem e identidade étnica”.

Foi necessário assumir o que ela chama de “tríplice vulnerabilidade” (mulher, indígena e lésbica) para reconhecer-se dentro desse espaço, apropriar-se dele em todas essas esferas e então romper as barreiras do preconceito com informação e empoderamento. Hoje, militante da causa indígena e LGBT, Eduarda tem certeza que as vozes de outros silenciados precisam ser ouvidas.

“É urgente visibilizar a voz LGBTQ no movimento indígena, é urgente se articular para promover uma transformação real. Por ser mulher indígena e sapatão, a minha luta não pode e nem deve ser dissociada. Preciso unificar o debate de raça, gênero e sexualidade, pois sou alvo do racismo e dos poderes que violam direitos e promovem o genocídio do meu povo; preciso resistir para existir dentro desse sistema misógino que viola e silencia mulheres e preciso também lutar contra a homofobia para me manter viva. A luta é conjunta e é tempo de soltar a nossa voz”.

Coisa de branco, argumenta, “é a homofobia e/ou qualquer fobia a formas diferentes de viver a sexualidade que não a heteronormativa”. Além disso, é preciso lembrar, sempre, que o povo indígena foi colonizado. E esse fato, por si só, acende um alerta.

HISTÓRIAS COMPARTILHADAS EM REDE

Com mais de 5 mil seguidores e acessos de várias cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Curitiba, o perfil do projeto Tibira, no Instagram, reúne histórias inspiradoras de luta e resistência.
Os relatos chegam pelo direct, a maioria de forma espontânea e por iniciativa dos próprios indígenas, que enxergam no feed um reflexo da própria realidade. Acolhidos, mesmo que em um ambiente virtual, eles criam coragem para se revelarem como são verdadeiramente.

O poder da identificação fez Saulo Pedroso, pertencente à nação Tenetehar/Guajajar, se apresentar com orgulho e sem medo de julgamentos.

“(…) Sou ava-kunhã/two-spirit/andrógino e gay. Nasci em SP e tenho retomado minhas raízes com a ajuda e apoio da minha família tanto não-indígena quanto maranhense.⁣⁣⁣⁣ Atualmente, sou atendente de restaurante no McDonalds. Saio de casa e trabalho com os grafismos no intuito de visibilizar e causar dúvidas. Assim, no meu balcão tenho espaço para tirar dúvidas e ensinar um pouco daquilo que sei para o karaíw (não-indígena)”.

O fotógrafo, publicitário e modelo Victor Reiz, índio urbano, também aproveitou a oportunidade para dizer que é um homem cis e gay, mas deixou um recado claro:

“Tudo existe por um propósito. O nosso é de retomada! Não nos calarão mais!”

De Dourados (MS), veio o exemplo de Katryna Malbem, 17 anos, primeira indígena transsexual, da etnia Guarani, a receber, em 2019, o título de Miss Diversidade no concurso Miss e Mister Indígena de Mato Grosso do Sul.

Criado há 9 anos, o evento foi realizado em abril, na aldeia Jaguapiru. Katryna concorreu como candidata especial da aldeia Bororó, onde mora, ao lado de 11 casais. Houve estranhamento, mas a resistência foi maior e a diversidade ganhou espaço.

EXPERIÊNCIAS TRANSNACIONAIS

Inclusiva, a mídia Tibira ultrapassou as fronteiras geográficas e chegou a outros países. Nativos da América do Norte, por exemplo, também compartilham suas experiências de forma pública e coletiva, como fez Very Santy, do povo Kumeyaay, em um simples e significativo registro na Parada Gay de Nova York, nos Estados Unidos.

Tazmen Armstrong, de 17 anos, morador do Canadá, preferiu se apresentar falando de propósito:
“Sou Assiniboine Nakoda, da comunidade Mosquito First Nation, em Saskatchewan. Meu objetivo é trazer uma visão mais positiva sobre a juventude dois-espíritos em comunidades indígenas e fazer com que todos saibam a importância de ser quem realmente é”.

TWO-SPIRIT COMO REFLEXO DAS IDENTIDADES DE GÊNERO ENTRE INDÍGENAS

A tradução, no Tibira, fica a cargo de Priscila Tayná, 28 anos, queer e cabloca paraense, com raízes na região do Baixo Tocantins. Graduada em Estudos Indígenas pela Universidade de Saskatchewan, no Canadá, e cursando mestrado em saúde pública pela Universidade de Manitoba, no mesmo país, ela aproveita a proximidade para fazer contato com os nativos locais. Assim, apresenta a iniciativa e os convida a compartilharem suas experiências.

“Minha função é facilitar ensinamentos entre parentes dois-espíritos e LGBTQ+ em Abya Yala [nome dado às Américas pelo povo Kuna], traduzindo suas narrativas e fortalecendo movimentos sociais Indígenas transnacionais”.

A exemplo de Tazmen Armstrong, alguns ameríndios se apresentam como two-spirit ou, em português, dois-espíritos. Segundo a tradutora, o termo é difícil de explicar, porque tem essência complexa e, além disso, “diferentes povos e indivíduos têm entendimentos distintos em relação ao significado”. Isso significa que se a pergunta for direcionada a um indígena do norte do Canadá ou do sul dos Estados Unidos, as respostas serão diferentes, “pois os contextos variam e as vivências também”.

Existe, no entanto, uma narrativa comum que, segundo ela, “une a trajetória dos povos indígenas das Américas ao redor do apagamento de epistemológicas locais no processo de colonização, como também resiliência e resistência para resgatar e revitalizar o que foi adormecido”. Ao Dois Iguais, Priscila compartilhou parte do ensinamento que recebeu sobre o assunto.

“O termo surgiu em uma conferência ‘Indigenous Lesbian and Gay international Gathering’, aqui em Winnipeg, em 1990. O two-spirit foi adotado para complementar as identidades de gênero LGBTQ+, que não necessariamente refletiam as identidades indígenas por inteiro. Ao mesmo tempo, vários ativistas indígenas não se sentiam representados e/ou incluídos no movimento LGBT e sentiram a necessidade de criar seu próprio espaço dentro dessa esfera.

A identidade two-spirit abrange os aspectos espirituais dos povos indígenas, como, por exemplo, a conectividade com a mãe terra, água, animais e nossas cosmovisões do mundo como um conjunto de relações. O conceito também abrange o movimento de descolonização de lutas por terras e territórios tradicionais e a luta contra homofobia e machismo dentro e fora de comunidades indígenas.

Essas pautas não estão, necessariamente, presentes no movimento LGBTQ, mas para povos Indígenas two-spirit, violência contra a terra é igual a violência contra corpos. Alguns povos já conseguiram resgatar seus próprios termos em sua língua nativa que corresponde a two-spirit e outros não.

Muitos dizem que o two-spirit une o feminino e o masculino (quando digo feminino e masculino não me refiro a gênero, mas, sim, a energia) em um só corpo que abraça a fluidez de gênero e rejeita as categorias rigorosas de papéis de gênero designadas para mulheres e homens.

Então, o two-spirit se aproxima do queer no aspecto de fluidez de gênero, só que também incorpora cerimônias, rituais, ensinamentos tradicionais que não está necessariamente presente na cultura queer. Aliás, o two-spirit surgiu de uma visão, de um sonho de uma anciã chamada Myra Laramee, que inclusive é tia do meu parceiro. Então o termo surgiu de forma cerimonial”.

DESCOLONIZANDO PENSAMENTOS

Falar sobre essa cultura, que não enxerga o indivíduo a partir de seu sexo biológico, é algo natural para Priscila. Ela se identifica como queer há aproximadamente 5 anos e, portanto, recusa o binarismo sexual e de gênero, que costuma classificar indivíduos em categorias universais, com homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais. Afinal de contas, existem formas distintas e desconectadas do feminino e masculino.

Priscila, cabloca paraense, mora atualmente no Canadá e se identifica como queer. (Foto: Kevin Settee)
Mesmo que esteja em um relacionamento heterossexual, a acadêmica entende que a heterossexualidade não é a única orientação sexual possível, tanto que já viveu uma relação com uma mulher dois-espíritos. A experiência colocou ela em contato com uma realidade cruel, marcada por diferenças em privilégios e aceitação social, embora não tenha sentido isso dentro de casa.

“Nunca morei em meu território tradicional, então não saberia dizer como seria minha vida como queer no Pará. Além do mais, eu sou femme e não sou lida como queer pela sociedade. Quando comecei a me identificar como queer, uns cinco anos atrás, eu já morava aqui [no Canadá] e sempre me convivi com pessoas com pensamentos semelhantes ao meu. Não tive o problema de conviver familiares que não me aceitavam”.

Apesar disso, relata, na relação com alguém do mesmo sexo sentiu “essa resistência e dor”. Por isso, a mídia Tibira, enquanto coletivo formado por indígenas LGBTs, é mais do que um projeto com histórias compartilhadas.

Para Priscila, “é uma iniciativa revolucionária, que está descolonizando muitas mentes do movimento LGBTQ+, tanto dentro, quanto fora do Brasil”. Ela acredita que o coletivo está construindo conexões transnacionais e isso valida a existência de indígenas integrantes da sigla também em seus próprios termos. Também promove, claro, a representatividade em diversos territórios.

Retratar outras realidades, de parentes pertencentes a outros locais, inspira quem vive situação semelhante a quilômetros de distância. De quebra, educa, informa e promove a reflexão entre não-indígenas. O Brasil, aliás, precisa conhecer narrativas contadas por indígenas, defende a pesquisadora.
“A visão dos brasileiros sobre os povos indígenas ainda é muito estereotipada e ultrapassada, ainda mais sobre Indígenas 2SLGBTQ+”.

Não à toa ela aceitou participar do Tibira. Mesmo morando no Canadá há 10 anos, Priscila enxerga a luta indígena como algo global. Afinal de contas, a misoginia, homofobia, fascismo, imperialismo e, como prefere dizer, “tudo que está encapsulado no discurso colonial”, é algo que adoece o mundo.

“Eu sou cabocla, descendente Indígena e nunca tive oportunidade de morar em meu território ancestral. O processo de mestiçagem ou miscigenação na América Latina nos roubou muita história e identidade e eu senti esse chamado aos ancestrais morando e convivendo com povos indígenas daqui. Esse processo de apagamento também nos deu certos privilégios dentro da sociedade brasileira, então uso meu privilégio de forma construtiva para somar ao movimento indígena mesmo estando longe de casa”.

Elverson Cardozo
Jornalista e Mestre em Comunicação, Elverson Cardozo, mais conhecido como Elvis, é o criador e editor do Dois Iguais.

(Foto: Reprodução Instagram/@katumirim)

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