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Coração do homem que recebeu transplante inédito estava com vírus suíno, diz médico

David Bennett posa com o cirurgião Bartley P. Griffith antes de sua cirurgia, no Centro Médico da Universidade de Maryland, em Baltimore, em foto não datada — Foto: University of Maryland School of Medicine (UMSOM)/Handout via Reuters

O coração do homem que recebeu o órgão geneticamente modificado de um porco estava com um vírus suíno, o porcine cytomegalovirus, segundo o médico que realizou o transplante inédito no mundo.

David Bennett, de 57 anos, morreu no último mês de março e, segundo Bartley Griffith, cirurgião de transplantes da Universidade de Maryland, a presença do vírus pode ter contribuído para sua morte.

A informação foi divulgada inicialmente pela MIT Technology Review e apresentada à comunidade científica no último dia 20 de abril, durante um evento nos Estados Unidos.

“Estamos começando a entender por que ele faleceu”, disse o médico.

Segundo o médico, um teste indicou a presença do vírus suíno 20 dias após o transplante, mas em um nível tão baixo que foi descartado à época como um “erro de laboratório”.

Foi somente depois de mais de um mês após a realização do procedimento inédito que os testes revelaram um aumento do vírus, ainda segundo Griffith.

A Revivicor, empresa de medicina regenerativa que realizou o procedimento, se recusou a comentar o caso.

“Era morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última opção”, declarou Bennett um dia antes da operação. O paciente passou os meses anteriores ao procedimento na cama e ligado a uma máquina de suporte à vida.

Sobre o órgão

O porco doador pertencia a um rebanho que passou por uma técnica de modificação genética. O procedimento buscou remover um gene que poderia desencadear uma forte resposta imune de um ser humano e, assim, causar a rejeição do órgão.

A modificação foi realizada pela empresa de biotecnologia Revivicor, que também forneceu o porco usado em um transplante de rim inovador feito em um paciente com morte cerebral em Nova York, em outubro de 2021.

O órgão doado permaneceu em uma máquina de preservação antes da cirurgia, e a equipe também usou um novo medicamento, um composto experimental, junto com outras substâncias convencionais para suprimir o sistema imunológico e impedir a rejeição do coração.

Atualmente, as válvulas cardíacas de porco já são amplamente utilizadas em humanos, e a pele de porco é enxertada em pessoas que sofreram queimaduras. Eles são animais doadores ideais devido ao seu tamanho, crescimento rápido, ninhadas grandes e ao fato de estarem prontamente disponíveis, sendo criados para alimentação.

*Por G1

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