Durante visita oficial à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, neste sábado (7), que um grupo de cerca de 15 grandes empresários franceses manifestou a intenção de investir R$ 100 bilhões no Brasil até 2030. O anúncio foi feito em Paris, durante coletiva de imprensa, após uma reunião realizada na sexta-feira (6) com representantes de empresas que já atuam em solo brasileiro em diversos setores econômicos.
“Estamos levando de volta para o Brasil o compromisso dos 15 maiores investidores franceses, que já têm empresa no Brasil, de nos próximos cinco anos termos um investimento de 100 bilhões. Essa é a novidade”, declarou Lula. Segundo o presidente, o papel de uma liderança nacional em viagens internacionais é justamente o de aproximar empresários, apresentar oportunidades e criar um ambiente favorável a parcerias estratégicas.
“A gente precisa aprender que um dos papéis do presidente é fazer com que as coisas aconteçam. Não é negociar diretamente, mas criar as condições para que nossos empresários e os empresários estrangeiros se encontrem, troquem ideias e construam alianças”, pontuou.
França é terceiro maior investidor no Brasil
Atualmente, a França ocupa a terceira posição entre os países com maior estoque de investimentos diretos no Brasil, somando US$ 66,34 bilhões. Em 2024, a corrente comercial entre as duas nações chegou a US$ 9,1 bilhões, um crescimento de 8% em relação ao ano anterior. Estima-se que mais de mil empresas francesas operem no Brasil, empregando aproximadamente 500 mil pessoas.
Apesar dos números expressivos, Lula avalia que ainda há espaço significativo para expandir as relações bilaterais. “É uma vergonha que um país do tamanho do Brasil, oitava economia do mundo, e um país como a França, quinta ou sexta maior, só tenha um fluxo comercial de 9 bilhões de dólares. É pouco. Com o Vietnã, que tem uma relação mais recente conosco, já temos 13 bilhões”, comparou.
Foco na indústria de helicópteros
Entre os temas discutidos durante a visita, destacou-se também a possível ampliação da parceria com a França para a produção de helicópteros na fábrica da Helibras, localizada em Itajubá (MG), a única da América Latina. O objetivo é atender demandas de segurança pública, saúde, defesa e meio ambiente.
“O Brasil pode transformar essa planta em um centro de referência regional, como fizemos com o KC-390 da Embraer, hoje exportado para diversos países”, disse Lula, sinalizando que o país quer ampliar sua capacidade produtiva e tecnológica com a ajuda de parceiros estratégicos.
Acordos e cooperação internacional
A visita à França resultou na assinatura de 20 atos bilaterais que envolvem áreas como ciência, tecnologia, inovação, meio ambiente, segurança alimentar, educação e saúde. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, destacou que a relação entre os dois países vem se aprofundando por meio de projetos conjuntos de alto valor agregado.
Entre os exemplos citados estão o satélite geoestacionário de comunicações, o supercomputador Santos Dumont e a reativação do Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica, que em 2025 já começa a financiar pesquisas científicas em conjunto.
No campo econômico, Vieira também destacou a recente certificação do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação — reconhecimento feito em Paris pela Organização Mundial de Saúde Animal. A conquista abre portas para a ampliação do mercado internacional de carne brasileira.
Na área da saúde, novas parcerias foram firmadas entre a Fiocruz e instituições francesas como o Instituto Pasteur, fortalecendo a cooperação para o desenvolvimento de vacinas e produtos laboratoriais.
Após os compromissos em Paris, Lula seguiu para Nice, onde continuará a agenda oficial na França, focada em ampliar relações comerciais, tecnológicas e diplomáticas.