Início Justiça Ministério Público Estadual aponta que vagas de UTI são insuficientes em Dourados

Ministério Público Estadual aponta que vagas de UTI são insuficientes em Dourados

Divulgação

Um inquérito sigiloso instaurado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) mostra que é notória a insuficiência operacional do serviço público de saúde (SUS) em Dourados. O que resultou em processo judicial que pede a disponibilização de mais leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes diagnosticados com o novo coronavírus (Covid-19).

A Ação Civil Pública Cível número 0900041-28.2020.8.12.0002 tramita na 6ª Vara Cível da Comarca desde sexta-feira (3) e tem petição assinada pelos promotores Rosalina Cruz Cavagnolli (10ª Promotoria de Justiça), Amilcar Araújo Carneiro Júnior (11ª), Ricardo Rotunno (16ª), e Luiz Gustavo Camacho Terçariol (17ª).

Os promotores impõem a responsabilidade no Município de Dourados e ao Estado de Mato Grosso do Sul para estruturarem melhor a saúde na cidade que é epicentro da doença.

“consistente em ampliação emergencial da estrutura de saúde quanto a disponibilização de mais leitos de UTI, para atendimento dos casos de alta complexidade, com disponibilização de equipamentos (leitos, EPI e testes laboratoriais), além de equipes de saúde (médicos, enfermeiros, demais profissionais de saúde e serviços meio), disponíveis em quantitativo suficiente à expectativa de demanda na microrregião de Dourados”.

O MPE pede ainda a aplicação de penalidade à prefeita de Dourados, Délia Razuk (PTB), em R$ 10 mil, para cada dia de descumprimento da almejada ordem judicial, por ser a mandatária ordenadora de despesas e “quem efetivamente tem o poder imediato de determinar as medidas necessárias para atendimento do mandamento judicial”.

A ação judicial menciona ainda visita técnica da Coordenadoria Estadual de Controle, Avaliação e Auditoria da Secretaria de Estado de Saúde, que em 14 de junho além de verificar a “inexistência de mais da metade dos leitos pactuados”, “observou deficiência de recursos humanos da área de enfermagem e carência de médico intensivista”.

O MPE diz ainda ter chamado a atenção no relatório o fato de que, “apesar da ocupação de leitos estar de acordo com o quantitativo do censo diário apresentado pelas unidades hospitalares na data da visita (14 de junho de 2020), com 21 internações em UTI em 21 leitos de UTI ativos, o Município de Dourados divulgou em seu site oficial entre os dias 14 e 15 de junho de 2020 que apenas 15 leitos de UTI (COVID-19) estavam ocupados, entre públicos e privados”.

Além de afirmarem que “as informações prestadas pelo Município de Dourados não condiziam com a realidade” na data da vistoria, os promotores de Justiça apontam que a administração municipal “vem divulgando a ocupação de leitos de acordo com a ocupação de casos confirmados, causando a falsa impressão à população de que existem leitos de UTI em quantidade suficiente”.

“E as irregularidades não param aí. O repasse feito pelo Governo Federal ao Fundo Municipal de Saúde objetivou prover condições aos gestores e prestadores para que os leitos estivessem integralmente disponíveis para recebimento de pacientes quando necessário. Com o dinheiro na conta do Fundo Municipal, era necessário que a municipalidade contratasse os leitos como de resguardo, e não por ocupação, eis que, quando preciso fosse, tais leitos poderia já estar ocupados”, pontuam.

Nesse ponto, a petição ministerial indica que embora tenha tido R$ 4,3 milhões destinados pelo Ministério da Saúde para habilitação de novos leitos de UTI, Dourados, polo de uma macrorregião composta por 33 municípios e habitada por 843.683 pessoas, contratou essas vagas hospitalares por ocupação, quando os pagamentos só são efetuados caso haja necessidade de utilizá-los.

No entanto, segundo o MPE, esse sistema é inadequado porque os hospitais privados contratados têm destinado seus leitos para pacientes particulares, já que essas vagas permanecem ociosas e sem custeio enquanto o município não as requisite. Com isso, pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) podem ficar à espera de leitos de UTI mesmo com dinheiro federal destinado ao município justamente para essa disponibilização.

Outros pedidos constantes na petição visam que o município negocie novo contrato com o Hospital Santa Rita para manutenção de cinco leitos habilitados UTI Adulto, recebendo por disponibilidade, ou transfira e instale estes leitos em outra instituição hospitalar que tenha condições e interesse em manter os leitos SUS habilitados, de modo que fiquem à disposição da população que depende do Sistema Único de Saúde.

O MPE também requer que a gestão municipal transfira para o Estado a regulação dos leitos de UTI disponíveis na cidade, “de modo que haja isonomia, transparência e fidedignidade na ocupação dos leitos na mencionada microrregião”.

Para o Estado, a petição pede que dê apoio material e técnico aos hospitais habilitados em Dourados e em caso de inércia do município, “busque redefinir a macrorregião de Dourados, garantindo na Capital do Estado ou em outra cidade próxima novos leitos UTI adulto para atendimento COVID-19”.

MUNICÍPIO

Procurada pelo Dourados News na manhã desta segunda-feira (6), a secretária municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza, informou que as medidas necessárias para garantir atendimento aos pacientes de Covid-19 foram tomadas.

Segundo ela, os contratos firmados com hospitais privados datavam de antes da portaria do Ministério da Saúde e já houve adequação para o modelo de disponibilidade.

Sobre a transferência da regulação de leitos para o Estado, alega que para isso o município teria que abrir mão da gestão plena da saúde, situação que remete a demanda mais longeva sobre repasses estaduais.

ESTADO

Também contatado pela reportagem nesta manhã, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende Pereira, afirmou que as providências para prevenção e combate ao novo coronavírus têm sido tomadas desde o início do ano e em Dourados a questão dos leitos hospitalares é discutida desde março.

Conforme o gestor estadual, além de equipar unidades hospitalares em território douradense, têm sido construídas alternativas fora do município, com disponibilização de leitos em Naviraí e Pontar Porã.

Fonte: Dourados News

Sair da versão mobile