Início Economia Nota de crédito do Brasil corre risco com recessão profunda, diz Moody’s

Nota de crédito do Brasil corre risco com recessão profunda, diz Moody’s

Agência de classificação de risco vê ameaças crescentes de revisão da perspectiva “estável” para o rating de dívida soberana do Brasil

18/05/2020 16h45
Por: Reuters

A agência de classificação de crédito Moody’s alertou nesta segunda-feira (18) para os riscos crescentes para sua perspectiva “estável” para o rating de dívida soberana do Brasil, observando que uma recessão ainda mais profunda do que a prevista atualmente pode exigir apoio fiscal prolongado do governo.

A Moody’s espera que a maior economia da América Latina encolha 5,2% este ano devido à crise causada pelo coronavírus, uma previsão alinhada ao consenso do mercado e que marcaria a maior retração anual desde que os registros começaram em 1900.

Mas os riscos pendem para o lado negativo, disse Samar Maziad, analista principal da Moody’s para os ratings soberanos do Brasil, o que poderia exigir mais apoio à economia e abortar o plano do governo de retomar a austeridade fiscal e a agenda de reformas no próximo ano.

“A dinâmica de crescimento do Brasil está sujeita a riscos negativos”, disse Maziad em uma videochamada com jornalistas nesta segunda-feira. “Se a deterioração fiscal se tornar permanente, esse seria o gatilho crítico para repensar as perspectivas”.

A Moody’s manteve sua perspectiva e o rating de crédito “Ba2” da dívida soberana do Brasil na sexta-feira, citando três principais razões para otimismo com a dinâmica da dívida: uma retomada da austeridade fiscal em breve; taxas de juros em recordes de baixa ajudando no pagamento do serviço da dívida; baixa dívida externa e fortes reservas internacionais.

As autoridades do Ministério da Economia insistem que as despesas de combate à crise serão limitadas apenas a este ano e que o governo retomará seu esforço para recuperar as finanças públicas no mesmo nível no próximo ano.

Medidas emergenciais para enfrentar as crises econômicas e de saúde terão um impacto estimado de R$ 349,4 bilhões no saldo primário do governo central deste ano, enquanto o déficit primário do setor público consolidado poderá chegar a R$ 700 bilhões, ou mais de 9% do Produto Interno Bruto.

Maziad também observou os crescentes riscos políticos. O presidente Jair Bolsonaro perdeu dois ministros da Saúde em um mês, seu popular ministro da Justiça renunciou e as relações com o Congresso são difíceis.

“Estamos cientes dos riscos existentes –uma contração econômica mais profunda, dinâmica política e uma possível deterioração permanente no desempenho fiscal”, afirmou Maziad.

O rating de crédito “Ba2” do Brasil da Moody’s é dois graus abaixo do grau de investimento. As agências de classificação rival Fitch e S&P recentemente reduziram suas perspectivas para o Brasil.

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