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quinta-feira, 25 de abril, 2024
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Ator Flávio Migliaccio morre aos 85 anos em casa no RJ

O artista foi encontrado morto em seu sítio na manhã desta segunda-feira (4), ainda não se sabe a causa da morte. Fãs e famosos lamentam a perda

04/05/2020 13h45
Da redação

O ator Flávio Migliaccio, de 85 anos, foi encontrado morto em seu sítio na Serra do Sambê, em Rio Bonito, no estado do Rio. A informação foi antecipada pelo colunista Ancelmo Gois. O último trabalho do ator na TV foi o Mamede, de “Órfãos da terra”. Ele deixou uma carta para os familiares.

Flávio ficou muito conhecido com o seriado infantil “Shazan, xerife & cia”ao lado de Paulo José e, mais tarde, pelo papel de Seu Chalita em “Tapas & beijos”. O corpo dele foi encontrado pelo caseiro, Nelson Soares da Silva, no quarto do ator, agora na manhã desta segunda-feira (4).

O boletim de ocorrência foi feito pela quarta companhia do 35 BPM. Agora, a perícia de Araruama vai ao local para liberar o corpo. Famosos, como Caio Blat e Marcelo Médici, que contracenou com o ator em seu último trabalho, lamentaram.

“Um grande colega, divertidíssimo, uma baita ator, extremamente generoso. Quem estava ao lado dele, brilhava junto”, disse o ator Marcelo Medici.

Biografia

O ator nasceu em São Paulo (SP). Seu pai era barbeiro, e a mãe cuidava dele e de seus 16 irmãos. Embora o patriarca da família quisesse que Flávio seguisse seus passos na tesoura e navalha, o jovem prospectava a carreira artística. Sua trajetória na atuação começou após assistir a um espetáculo em uma igreja. Era uma peça inspiradora? Não, pelo contrário. Ele avaliou que um dos atores era muito ruim.

Flávio fez o curso de teatro do italiano Ruggero Jacobbi em 1954. Em seguida, entrou para o grupo amador Teatro Paulista do Estudante. A profissionalização veio com o Teatro de Arena, de Zé Renato, onde atuou em peças como A Revolução na América do Sul, de Augusto Boal, Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, e Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho.

No cinema, Flávio estreou em O Grande Momento (1958), de Roberto Santos, com quem fez o clássico A Hora e A Vez de Augusto Matraga (1965). Ele participou de Cinco Vezes Favela (1962), atuando em um episódio e escrevendo o roteiro de outro, com Leon Hirszman. Em 1963, estreou como roteirista e diretor em Os Mendigos. Ao longo de sua trajetória, atuaria em filmes como Terra em Transe (1963), Todas as Mulheres do Mundo (1966), O Homem Nu (1968), Os Machões (1972) e Boleiros (1998).

Na televisão, Flávio ganhou destaque na série infantil Shazan, Xerife & Cia, exibida pela Globo entre 1972 e 74. Ele era o Xerife, enquanto Paulo José vivia o Shazan. Os dois eram uma dupla de mecânicos atrapalhados, que rodavam as estradas do país a borda da camicleta (mistura de caminhão com bicicleta). A série era um spin-off da novela O Primeiro Amor (1972), de Walther Negrão. Na ocasião, os personagens fizeram tanto sucesso no folhetim que ganharam um programa próprio.

Outro personagem de sucesso que o ator interpretou na época foi Tio Maneco, que rendeu filmes dirigidos e estrelados por ele, como As Aventuras do Tio Maneco (1971), O Caçador de Fantasmas (1975) e Maneco, o Super Tio (1978), além de uma série de TV exibida na TVE entre 1981 e 1985. Ele também dirigiu o longa infantil Os Trapalhões na Terra dos Monstros (1989).

– Gosto de fazer comédias não para ficar rico ou ganhar fama. Fico feliz vendo as pessoas sorrirem, principalmente as crianças. Acho que a criança hoje vive muito traumatizada com tanta violência e está precisando sorrir, ter de volta a sua fantasia – relatou à GaúchaZH.

Ao longo de sua trajetória, trabalhou em mais de 30 produções entre novelas e minisséries, como O Astro (1977), Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995), Senhora do Destino (2004), América (2005), Sete Pecados (2007), Caminho das Índias (2009), Passione (2010) e Tapas & Beijos (2011-15).

Em entrevista ao Memória Globo, Flávio admitiu que o feirante Vitinho, de A Próxima Vítima, foi o seu papel preferido entre os quais interpretou na TV. Por causa do personagem, ele foi premiado como melhor ator coadjuvante pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 1995.

“Foi o que mais combinou comigo. Eu bolei uma coisa que considero uma das maiores criações que tive como ator. Colaborei com o texto assim: inventei que ele vivia com o travesseiro e a roupa de capa embaixo do braço, porque não tinha lugar para dormir. Comecei a desenvolver isso, a fazer uma cena dramática segurando o travesseiro. Ficava engraçado”, descreveu.

Divulgação

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