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Os 4 pilares da educação e a pandemia de 2020

30/04/2020 09h45
Por: Leila Maciel

A essência do trabalho do Pedagogo é a educação. E a relevância da educação é consenso entre
profissionais de todas as áreas; é tema que preenche muitas bibliotecas e que povoa o raciocínio
científico desde os mais jovens estudantes da graduação até renomados e conceituados
pesquisadores do assunto. E a educação está se transformando bem debaixo de nossos olhos.

E quem já se debruçou por livros e artigos que fundamentam a Pedagogia, já leu em algum momento
o Relatório de 1999 para a UNESCO sobre a educação para o novo século que estava logo ali à frente,
coordenado por Jacques Delors. Com o maravilhoso título “Educação, um tesouro a descobrir”, este
documento traz os 4 pilares sobre os quais a educação do novo século deverá se sustentar. Quase
que como um mantra, ora repetido sem muita reflexão, ora decorado por concurseiros, estas 4
práxis são: APRENDER A CONHECER, APRENDER A FAZER, APRENDER A CONVIVER e APRENDER A
SER.

Cá estamos em pleno ano de 2020, envoltos em um cenário só imaginado em cenas de filmes/livros
de ficção: lavando as compras de mercado, costurando máscaras, cantando pelas sacadas e
deixando de fazer o que o brasileiro mais gosta, que é abraçar as pessoas. Destarte estas e outras
novas situações, estamos descobrindo novas vertentes daquele tesouro preanunciado nos idos de
1999. Os pilares dantes anunciados realmente se aplicam à realidade da educação durante esta
pandemia?

Aprender a conhecer: quais os novos conhecimentos que estamos adquirindo no confinamento do
isolamento social? Será que algum indivíduo irá desperdiçar este tempo precioso e não ter a
dignidade de procurar por novos conhecimentos?

Aprender a fazer: a rotina escolar na educação foi abruptamente alterada, forçando os professores
a desenvolverem uma nova prática pedagógica; os pais a continuarem sendo pais mas
inevitavelmente assumindo o papel de professores; os alunos a utilizarem os meios digitais para
além de conversas e redes sociais. Particularmente presenciei o letramento digital de alunos da
educação profissional de uma forma quase mágica. Senhores já na meia idade que se dispuseram a
utilizar seu celular como uma ferramenta pedagógica. Perderam o medo do ambiente digital. A
realidade forjou este aprendizado.

**Aprender a conviver: **ah…. o isolamento social!!! A convivência diária do núcleo familiar! É preciso
agora aprender a viver junto daqueles que, antes deste vírus, víamos em momentos fragmentados.
Faz-se mister este aprendizado para o bem pessoal, da estrutura familiar, da dinâmica saudável
entre vizinhos do prédio. E descobrimos também que temos que aprender a conviver no ambiente
digital. Mais isto!

E finamente, aprender a ser: autoconhecimento, autoavaliação, “autoperdão’ (neologismo?) e
tantos outros “auto” estão agora nos desafiando a aprender a ser uma nova pessoa. Oxalá melhor!
Um novo aluno, um novo professor, um novo gestor…

Foi acompanhando uma de tantas lives sobre a nova realidade posta à Educação pela COVID 19,
uma delas em especial me fez reanalisar os desafios enfrentados por todos os atores do cenário
educacional. Pais, alunos, professores, coordenadores, gestores e governo de modo geral. Nesta, o
professor Ronaldo Mota, com suas palavras, destacou que, mais do nunca, o papel do professor está
sendo valorizado pois estão percebendo que ensino não é tarefa para amadores.

Em especial no campo educacional, estamos habitando um novo ambiente. A educação está
acontecendo de uma forma diferente e, na complexidade e multiplicidade de realidades, estamos
todos vivendo construindo a história de uma nova educação. Assim como vimos grandes saltos na
medicina logo após grandes epidemias, creio que teremos uma evolução muito positiva como
resultado de um cenário negativo. E a Pedagogia, como ciência da Educação, também vai evoluir e,
como sempre, trazer grande contribuição par ao mundo.

Vejo uma crescente valorização do pedagogo, da Pedagogia, do professor e da Educação. Estão
descobrindo o tesouro, Sr Delors! Material abundante para a pesquisa científica das novas gerações
acadêmicas.

 Profª Leila Maciel Pedagoga. Mestre em Educação.

Divulgação

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