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Especialistas apontam formas sustentáveis para a preservação do Pantanal

Deputados e debatedores criticaram decreto do governo que libera áreas para o plantio da cana-de-açúcar

12/11/2019 19h58
Por: Karla Alessandra/Agência Câmara

Doze de novembro é o Dia do Pantanal. A data é comemorada desde 2015 para lembrar de Francisco Anselmo de Barros, ambientalista que ateou fogo ao próprio corpo para protestar contra as ameaças sofridas pelo bioma.

De lá para cá, o Pantanal vem sofrendo com a ocupação desordenada de seu entorno, e atualmente está ameaçado pela revogação do decreto que delimita as áreas de plantio de cana-de-açúcar.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, que realizou seminário nesta terça-feira (12) para discutir o tema, deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), destacou que a Câmara já discute uma proposta para reverter essa revogação.

“Foi um erro do governo revogar o decreto. A cana produz álcool, é um combustível limpo, mas a gente não quer ver a cana incentivando o desmatamento, incentivando o assoreamento dos rios do Pantanal”, disse o deputado.

Assoreamento

O coordenador do programa Cerrado Pantanal da Ong WWF, Júlio César Sampaio, afirmou que atualmente uma das principais preocupações em torno do Pantanal diz respeito justamente à dinâmica de uso e de sua ocupação.

“O caso emblemático do Pantanal é o rio Taquari, um rio que foi totalmente assoreado em função do mau uso das suas cabeceiras. Todo o sedimento desceu para a planície pantaneira, então esse rio mudou a sua conformação e hoje terras, que eram produtivas no passado, fazenda de pecuaristas, hoje estão completamente embaixo d’água. Então, além do impacto ambiental, do assoreamento desse rio, a mudança nessa dinâmica também é um impacto econômico nas atividades que eram desenvolvidas ali”, disse.

Turismo

A gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Sesc Pantanal, Cristina Neves, destacou que, anualmente, o Sesc recebe 30 mil turistas que movimentam a economia no Pantanal de forma sustentável, mas ela alerta que esse turismo só é possível se houver preservação ambiental.

“A proteção da biodiversidade é uma ação humana, é o uso dessa área não é a proteção da natureza intocada. E são muitos os pantanais, acho que somos muitos os pantaneiros. Nós somos hoje aqui a voz daqueles que não têm voz”, disse.

Incêndios

O coordenador estadual do Mato Grosso do Centro de Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), Márcio Yule, destacou que, em 2019, a brigada apagou dois incêndios por dia e, desse total, 99% foram causados por mãos humanas.

Segundo dados do PrevFogo, com a estiagem prolongada deste ano, somente no mês de outubro 518 mil e 800 hectares do Pantanal pegaram fogo, destruindo a flora e matando os animais da região.

Márcio Yule disse que somente no mês de outubro mais de 518 mil hectares do Pantanal pegaram fogo. Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

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