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Universidade publica nota de repúdio após painel artístico ser rabiscado com suástica

Mural montado com cartazes em tapume na Cidade Universitária também foi rabiscado com número 17 e a palavra “Bolsonaro”

20/10/2018 13h43
Por: Redação

A reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) publicou uma nota de repúdio neste sábado (20) depois de um painel artístico receber desenhos com suástica. O painel havia sido feito por coletivos de mulheres da universidade e da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) na Campanha contra Assédios. Confira a nota na íntegra ao final da reportagem.

Instalado no tapume de uma construção da Uems, perto da biblioteca da UFGD, o painel foi rabiscado com caneta. Sobre vários desenhos foi escrito o número 17. Em um deles foi escrita a palavra “Bolsonaro”.

Sobre um desenho da artista douradense Bi Miura em homenagem ao outubro rosa, foi feita uma suástica, adotada como símbolo do nazismo pelo ditador alemão Adolf Hitler.

Com o tema “Bonita é a mulher que luta”, o desenho foi feito pela artista em homenagem à sua mãe, que teve câncer de mama. Simboliza uma mulher que passou por uma mastectomia, a cirurgia de retirada da mama.

Nota de Repúdio

A Reitoria da UFGD vem a público REPUDIAR veementemente a inscrição de uma suástica no cartaz que faz alusão à luta de mulheres com câncer de mama, de autoria da artista Bi Miura. O cartaz faz parte de um painel confeccionado para o lançamento da Campanha contra Assédios, realizado pelo Coletivo Mulheres em Movimento, que reúne coletivos de mulheres da UFGD e da UEMS, sindicatos dos docentes, movimento estudantil organizado e tem apoio do Núcleo de Estudos de Diversidade de Gênero e Sexual da UFGD.

Em menos de 24 horas depois de confeccionado apareceram inscrições diversas no painel, em uma tentativa de vandalizar a iniciativa, dentre elas uma suástica desenhada exatamente na arte que elogia a luta das mulheres que sofrem com o câncer de mama. Essa atitude violenta a liberdade de expressão artística, além de atentar diretamente contra os objetivos do movimento Outubro Rosa, um movimento mundial de conscientização e prevenção do câncer de mama.

Além disso a própria história de confecção da arte vandalizada possui um caráter de apoio e consideração às mulheres que lutam contra o câncer de mama, pois é de conhecimento geral o quão doloroso é para as mulheres passar pelo diagnóstico e tratamento dessa doença, principalmente quando a mastectomia é necessária.

Inclusive é de grande relevância que todas as pacientes diagnosticadas com câncer de mama tenham um adequado suporte psicológico durante todas as fases do tratamento, pois estas vivenciam conflitos pelas alterações psicológicas por que passam a mulher portadora de câncer de mama e seus familiares, e que não terminam com a cirurgia, mas que vão além, com os tratamentos como a quimioterapia, radioterapia e hormônio terapia.

Temos que nos ater ao fato de que a mulher portadora de câncer de mama passa por vários lutos ao longo do processo de tratamento: o primeiro pela existência da possibilidade de ter câncer, o segundo quando do diagnóstico, o terceiro quando do tratamento cirúrgico, um quarto luto gerado pela perda da imagem corporal e correlatos, um quinto luto causado pelas possíveis limitações que terá em consequência da cirurgia e um último causado pelos tratamentos quimioterápicos, radioterápicos e hormônio terápicos.

Destacamos que a UFGD não compactua com ações que busquem diminuir ou invalidar a necessidade pedagógica de informar e conscientizar a comunidade acadêmica em temáticas necessárias para a garantia do respeito nas relações e de promoção da vida saudável no ambiente universitário, sejam temáticas relacionadas ao assédios morais e sexuais, sejam temáticas sobre saúde mental ou sejam ainda, relacionadas à prevenção de doenças. Ressaltamos que a missão desta Universidade é promover a formação de cidadãos capazes de transformar a sociedade, com democracia e justiça social. Tal missão não se coaduna com apologia à violência, inscrição de símbolos nazistas, condutas agressivas ou desrespeito à luta de mulheres com câncer.

REITORIA DA UFGD

Suástica rabiscada em desenho da artista Bi Miura, em painel na Uems (Foto: Divulgação)

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