Um homem que se identificava como sendo ‘pai de santo’, de 61 anos, foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (22), em Campo Grande, por prática de estupro de vulnerável. De acordo com a ocorrência, ele se aproveitou de uma adolescente de 15 anos durante uma falsa sessão espiritual em um imóvel situado no bairro Zé Pereira.
Segundo a versão da mãe da vítima, a sessão aconteceu dentro de uma sala reservada, na qual somente o pai de santo e a vítima puderam entrar. Ao sair, a adolescente passou a relatar que havia sofrido algum tipo de abuso sexual e começou a chorar. A mãe dela, então, imediatamente acionou a Polícia Militar que fez a prisão do sujeito ainda no local.
Questionados sobre os fatos, o suspeito, que não teve a identidade confirmada, disse que não se lembrava de nada porque estava incorporado pela entidade. “Estava semiconsciente e se houve contato sexual ou se a adolescente tocou o seu órgão genital foi com os pés, de onde se começa a extrair as energias ruins, e depois com a mão”, explicou ao policiais, conforme consta no boletim de ocorrência.
O pai de santo ainda citou que é comum durante a transferência de energia que haja contato físico entre a entidade e a pessoa atendida e tudo o que é feito ou falado é reservado entre o incorporado e a pessoa atendida. “O espírito incorporado retira a energia negativa de espíritos obsessores por meio das partes íntimas”, justificou o homem.
Ele acrescentou ainda que a adolescente estava “carregada” e cheia de problemas na vida pessoal, com isso, tudo o que ocorreu na sala reservada foi “em razão de sua necessidade de descarregar as energias ruins que havia absorvido durante a sessão”. O pai de santo recebeu voz de prisão e foi levado para a delegacia de polícia, onde permanece aguardando pela audiência de custória que definirá o seu futuro penal.
A delegada Karen Viana de Queiroz, que atendeu o caso, informou que o suspeito não negou os fatos e ainda afirmou que estava incorporado quando tocou na vítima, justificando que não tinha o controle do seu próprio corpo por conta disso. A mãe e a vítima frequentavam o local há 4 anos.
A cueca que o autor usava foi apreendida para ser periciada, um pedaço de papel também foi apreendido, mas o seu conteúdo não foi informado ainda. O caso foi registrado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e está sendo investigado.
Nota de Repúdio
Pelas redes sociais, a Federação das Religiões de Povos de Terreiro de Mato Grosso do Sul – Ajô Nilê disse que o homem preso não é filiado e “tão pouco sabe-se se o mesmo é realmente sacerdote de umbanda, uma vez que tento a religião de umbanda quando seus adeptos jamais cometeriam uma atrocidade desta monta”, cita o texto.
Ainda conforme o comunicado, nenhuma entidade que se manifesta na umbanda cometeria um estupro. “É importante ressaltar Caboclos, Pretos Velhos, Exus, e demais espíritos que se manifestam na seara Umbandista, são entidades de luz, que vem para promover sempre o bem, a cura, a boa palavra aos consulentes”, diz a nota. “Não é necessário tocar na pessoa para dar um passe e/ou tirar qualquer negatividade, ainda mais em partes íntimas, sejam de homens, mulheres, crianças e/ou idosos”, detalha. Confira na íntegra aqui.
A Federação de Culto Afro e Ameríndios de Mato Grosso do Sul também se pronunciou e destacou que o episódio fere e mancha o bom nome da religião. “Esclarecemos à população em geral que essas são práticas criminosas e não compactuamos com tais atos, nada tendo a ver com os cultos ou praticas religiosas, o desvio de caráter e de conduta e do próprio ser humano”, diz um trecho da nota.