12/08/2016 12h00
O que o racismo e a intolerância têm em comum? O mesmo gene
Estudo de investigador brasileiro indica que o racismo e a intolerância são desenvolvidos por um mutação genética
Notícias ao Minuto
Alysson Muotri, neurocientista brasileiro, quis entender o que leva algumas pessoas a serem racistas e intolerantes com terceiros, enquanto outras amam o próximo sem qualquer barreira ou entrave existente.
Para tal, o investigador olhou para cinco pacientes muito próprios. Tratava-se de um pequeno grupo de pessoas com a Síndrome de Williams, uma condição rara que afeta uma em cada dez mil pessoas e que se caracteriza por uma personalidade altamente sociável, até mesmo com pessoas estranhas. Esta condição deve-se à ausência do gene FZD9 e à existência de 25 genes no cromossomo 7 durante o desenvolvimento neural do bebê.
Dos cinco pacientes analisados no estudo (que foi publicado esta semana na revista Nature), quatro eram altamente sociais e tinham as características genéticas referentes à doença, mas um era diferente: não era tão social e tinha mantido as duas cópias do gene FZD9, tal como a grande maioria das pessoas têm (à exceção das pessoas com autismo, que possuem três cópias deste gene e, por isso, têm grandes problemas de socialização).
Esta diferença intrigou o investigador brasileiro, que decidiu criar uma série de minicérebros para conseguir perceber como atua este gene no desenvolvimento do cérebro em pessoas normais, pessoas com a Síndrome William e pessoas autistas. Depois de cruzar todos os dados, Muotri percebeu que na falta desse gene – como acontece com as pessoas altamente sociais – os neurônios ficam ultraligados e produzem um maior número de sinapses, que são mediadores de comunicação entre dois neurônios e que exercem um papel importante na sensação de dor ou alegria, podendo pequenas alterações no seu funcionamento resultar em problemas sociais e de comunicação (que é o que acontece quando existe a presença do gene FZD9, associado a um comportamento menos social e menos ‘amigo’).
À revista brasileira Veja, Muotri diz que tal leva a “concluir que esse gene contribui para o preconceito ou para a intolerância”, enquanto o “amor pelo próximo pode ser causado por um defeito genético”.












