Pais de médico morto há nove meses não acreditam que flho cometeu suicídio

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02/09/2016 17h30

Pais de médico morto há nove meses não acreditam que flho cometeu suicídio

Família contratou advogado para investigar o caso

Correio do Estado

Quase nove meses após a morte de Francis Giovani Celestino, de 33 anos, ocorrida no dia 22 de janeiro, em Sidrolândia, José Clovis Celestino, de 62 anos, e Roseli Aparecida de Sousa Celestino, de 55, pais do médico, não acreditam que o filho tenha tirado a própria vida naquela noite.

Moradores de Londrina e pais ainda de Dênis de Sousa Celestino, de 30 anos, o fotógrafo e a dona de casa procuraram o Portal Correio do Estado para, de alguma forma, tentar amenizar a dor que sentem diante da perda de um filho. Conforme o casal, informações repassadas ao delegado, tanto pela ex-esposa quanto por colegas de profissão, não são verdade.

“O delegado está cumprindo certinho o trabalho dele, não estou duvidando disso. Já perdi meu filho, nada vai trazê-lo de volta, mas ver o povo falar essas coisas dele e eu não poder falar nada, mesmo sabendo a verdade [que o médico não cometeu suicídio], me deixa muito mal”, desabafa o pai do médico.

Para José, os depoimentos prestados à polícia são inverdades que podem estar escondendo o real fator que motivou a morte do médico. “Ele se matou? Por qual motivo? Como uma pessoa pode dar dois tiros no peito?”, questiona o fotógrafo que tenta, junto a um advogado particular, elucidar o que aconteceu na noite em que o filho foi encontrado morto, com um tiro no tórax, dentro do carro que conduzia, uma BMW, em rodovia de Campo Grande que dá acesso a Sidrolândia.

Para José, estão querendo difamar a imagem do filho como médico. “Ele não era bipolar, nem psicopata e muito menos tomava remédio para cumprir carga horária de trabalho, conforme disseram ao delegado. Ele trabalhava muito, 12h, 18h e até 24h por dia, mas nunca tomou um remédio e nem nunca reclamou de excesso de trabalho”, relata José.

Francis foi encontrado morto no dia 22 de janeiro, e, no dia 24, os pais haviam marcado de se encontrar com o filho. “Ele tinha comprado uma casa há 30 dias, estava para tirar um carro novo da agência, ia se formar na residência [médica], ele era feliz, não tinha motivos para tirar a própria vida”, conta o pai do médico.

Faltando 20 dias para completar nove meses da morte de Francis, os pais tentam esclarecer o que aconteceu na noite do dia 22 de janeiro. “Os remédios encontrados no carro dele eram distribuídos no Nosso Lar [hospital psiquiátrico onde o médico atuava]. O que aconteceu naquela noite de trabalho dele? Por que ele saiu da UPA do Universitário e foi morrer em Sidrolândia?”, questiona o pai.

Com relação ao boletim de ocorrência registrado poucos dias antes de morrer, o pai alega que o ato foi para se precaver diante de possíveis indenizações, e não por pressão do trabalho, como anunciado anteriormente.

“Ele fez boletim para se precaver de alguma coisa que pudesse acontecer futuramente com algum paciente. Médicos são muito visados para indenizações, se o paciente achar que é falha médica, ele vai lá e processa, pois, tinham certos procedimentos que era só ele que fazia, faltavam profissionais, os médicos não ajudavam ele”, relatou.

A família não descarta a possibilidade de que outro fator possa ter levado o filho à morte. “Alguma coisa aconteceu naquela noite, e que ainda virá à tona”, enfatizou José ao ressaltar que “a história está mal contada e muitas outras coisas já foram descobertas mas que não podem ser ditas, por enquanto”.

Dentro do carro onde Francis foi morto, policiais encontraram uma arma, que, conforme o delegado, estava registrada em nome do médico, porém, a família não sabe informar o que o objeto fazia junto com ele, naquela ocasião. “Sabíamos da existência dessa arma, mas não sabíamos que ele andava com ela”, explica Roseli.

Informações repassadas anteriormente pelo delegado Edmilson José Holler, da 6ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, de que Francis fazia tratamento psiquiátrico com outra médica e que teria receitado a ele remédios para ansiedade e estresse, também foram questionadas pelos pais do médico.

“Onde está essa médica psiquiátrica que até agora não apareceu? Porque ela não se manifesta? Porque ele andou um quilômetro e meio na estrada de chão, no meio da plantação de soja?”, questiona José ao afirmar que a família trabalha para descobrir as respostas.

Até o fechamento desta matéria a equipe de reportagem não conseguiu contato com o celular do delegado de Sidrolândia, responsável pelo caso, Carlos Milan.

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