11/11/2016 09h00
Crise em município faz vereador desistir de assumir Executivo
Câmara afastou Douglas Gomes, mas acabou anulando decreto
Correio do Estado
A Câmara de Vereadores de Bela Vista decidiu não prosseguir com o afastamento do prefeito Douglas Gomes (PP) e o decreto que o tirava temporariamente do Executivo foi cancelado.
A cidade, que fica na fronteira com o Paraguai, já teve quatro mandantes desde 2013. O primeiro eleito foi Abraão Zacarias (PMDB) e permaneceu no cargo até 8 de maio de 2013, afastado por decisão do Tribunal Regional Eleitoral de MS (TRE-MS). O vice dele, Jair Bispo (PDT), assumiu e novas eleições ocorreram em julho daquele ano. Renato de Souza Rosa (PSB) venceu, mas acabou afastado em 17 de agosto de 2015 pela Câmara por improbidade administrativa. Foi então que o vice Douglas Gomes entrou no Executivo.
A sessão que aprovou o afastamento de Gomes recebeu 10 votos favoráveis, mas hoje pela manhã os integrantes da Casa reuniram-se com o promotor Alexandre Estuqui Junior para buscarem orientação e houve consenso que o presidente da Câmara, Waldez Marques Claro (SD), não iria ser empossado.
Caso ele assumisse a cadeira, teria responsabilidade direta como ocupante do Executivo sobre a crise que impera no município. Além disso, em apenas dois meses que resta para mandato terminar nada poderia ser feito para melhorar a situação local.
A cidade vive caos, com salários de médicos e funcionários do hospital atrasados há pelo menos três meses; falta de pagamento a fornecedores da unidade de saúde há cinco meses e professores sem receber, mesmo com recursos disponíveis em conta.
Estruturalmente há outros problemas, como os Centros de Educação Infantil (Ceinfs) que passaram a fechar às 15h por motivo de economia, ao invés das 17h. Com isso, muitos pais precisam buscar os filhos durante o expediente de trabalho ou ter a ajuda de familiares ou amigos.
A reportagem apurou com pessoas ligadas ao Legislativo que não há solução a curto prazo para sanar as dívidas e realizar os pagamentos. A folha de pagamento do Executivo estaria em 70% da receita.
A Câmara de Vereadores tem três comissões abertas para tentar cassar Gomes, mas uma ação popular conseguiu travar o andamento delas.
OUTRO LADO
O prefeito Douglas Gomes afirmou que há deturpação de notícias sobre a situação financeira da prefeitura. “A gente lamenta essa situação (afastamento que acabou não procedendo). As pessoas imaginam que a prefeitura está cheia de dinheiro. Não é assim, a gente vive de repasses”, ponderou.
Ele confirmou que está previsto para esta sexta-feira (11) o pagamento de 60% da folha que está atrasada de outubro. “Quando eu assumi, no hospital havia atraso de sete meses. Agora são três (meses)”, justificou-se.





















