Conselho comunitário vê reocupação mais emergencial do que Reviva Centro

160

15/03/2017 19h53

Conselho comunitário vê reocupação mais emergencial do que Reviva Centro

O Estado

O prefeito Marquinhos Trad (PDB) está em Brasília para reuniões com os representantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para a liberação do empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que tirará do papel o projeto Reviva Centro. Porém, para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança do Centro, Adelaido Spinosa Vila, a beleza da revitalização está muito aquém dos verdadeiros problemas, que são o abandono de pontos turísticos e comerciais de Campo Grande.

O empréstimo será de US$ 56 milhões e as obras mudarão locais de estacionamento, trarão aumento das calçadas para 4,2m, farão retirada de postes, embutimento de fiação elétrica, redução de tráfego de veículos para duas faixas e retirada da circulação de ônibus, e haverá o retorno do relógio histórico no cruzamento da Afonso Pena com a 14 de Julho.

Mas, para Adelaido, locais que eram considerados referências no centro da Capital hoje estão abandonados, como a antiga rodoviária, onde turistas do interior realizavam compras e retornavam em poucas horas. A nova rodoviária fica localizada a 20 minutos do Centro.

“Muitas coisas aconteceram nos últimos anos com a área central, a começar com a antiga rodoviária. Muitas pessoas saíam do interior do Estado e faziam muito uso da área, passavam na rodoviária, compravam roupas, tudo aquilo que precisavam no Centro e voltavam para o interior. A partir do momento que eu tiro essa rodoviária próxima, esse cara vai escolher outros locais para consumir. Hoje, onde a nova rodoviária está, o custo para chegar até o Centro de Campo Grande é alto, se ele vier de táxi vai gastar de R$ 30 a R$ 50. Acaba não compensando as compras que ele vinha fazer na Capital”, relata.

Na visão de Adelaido, comerciantes estão preferindo abrir negócios na periferia

“Nós temos de fomentar a chegada de mais pessoas para a área central. Hoje nós temos, por exemplo, a antiga rodoviária que precisa ser reocupada. Cerca de 10% do prédio pertence ao município, então deve ser ocupada por secretarias, em vez de se estar pagando aluguel em imóveis particulares. Por que não aproveitar aquilo que já é da prefeitura? Isso deve trazer cerca de 4 mil pessoas ao Centro. São aspectos mais importantes do que a própria revitalização. O que me preocupa muito no processo de revitalização é que o arquiteto ou engenheiro tem um olhar da beleza para a coisa, e essa beleza muitas vezes não é prática. Será que realmente precisamos de um calçadão na 14 de Julho?”, explica.

Ele acrescenta que o comerciante acaba abrindo novos comércios em periferias, em razão de poucos gastos e fiscalizações. Além de acreditar que, se o projeto não for bem articulado, pode prejudicar os comerciantes.
“Nós já tivemos a apresentação de vários projetos; no último projeto que foi apresentado, a ideia é justamente colocar toda essa parte de fiação, tirar a condição aérea e colocar subterrânea. Segundo a Energisa, é um plano que não tem como executar, com vários argumentos. A gente sabe que o Centro já foi ocupado muito antes de ser o Centro. Então vemos uma série de problemas acontecendo. E como fica o comerciante esperando essa obra acontecer?”, pergunta.

O projeto Reviva Centro também ganhou apoio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e consiste na revitalização urbana da rua 14 de Julho, além de investimentos nas vias de passeio no entorno do Mercadão, Horto Florestal, Camelódromo, da Orla Ferroviária e da Pensão Pimentel.

Para presidente do Conselho de Segurança do Centro, antiga rodoviária é o maior exemplo de prédio adandonado (Foto: Arquivo OEMS)