Publicado em 27/06/2017 19h13
Todo mundo aqui é bom, ninguém faz coisa errada, diz morador de rua
Em uma hora de atendimento, o Consultório de Rua realizou 72 procedimentos na antiga rodoviária da capital de Mato Grosso do Sul.
G1 MS
O morador de rua de 28 anos que costuma varrer as dependências da antiga rodoviária de Campo Grande defendeu os colegas com quem divide “a moradia” e se mostrou arrependido dos erros do passado.
“Todo mundo é bom aqui, ninguém faz coisa errada. Um trabalha no semáforo, outro faz suas correrias”, disse o morador que está ali há um ano.
O jovem contou que saiu do Maranhão, onde a mãe mora, de ônibus depois que o pai lhe mandou R$ 400.
“Não sei nem se ela está viva”, disse. Segundo ele, o pai e a irmã moram na capital sul mato-grossense.
“Meu sonho era ser jogador de futebol. Eu já fui jogador de base do Goiás”, disse o morador de rua de 28 anos
Sem dizer a quanto tempo deixou a mãe para morar com o pai, o jovem contou que começou a usar drogas com 11 anos quando morava na capital maranhense. “Eu andava com uma turma da pesada do lado da penitenciária de Teresina”, disse.
Já morando em Mato Grosso do Sul, ele afirmou ter feito coisas terríveis por causa do vício. “Já cheguei a usar R$ 2 mil de drogas porque eu fumava um cachimbo especial de maconha que custava R$ 70. Já roubei. Não quero fazer coisa errada. Hoje eu varro e arrumo as cadeiras à noite”, disse.
Ele aproveitou para cortar o cabelo oferecido pelos programas IST/Aids, Consultório de Rua e Previna Cidadania Morena que realizou cerca de 72 procedimentos em uma hora nesta terça-feira (27) na antiga rodoviária. Do total, 18 pacientes realizaram os testes de doenças sexualmente transmissíveis e três deram positivo para sífilis.
A supervisora do “Consultório de Rua” de Campo Grande Maria Beatriz Maia explicou que o objetivo do projeto é além do atendimento na saúde, mas ter uma escuta qualificada.
“Cada sujeito tem uma história e a gente precisa entender essa história até para poder ajuda-lo nos encaminhamentos à família, ou algum atendimento específico na saúde”, afirmou a supervisora.
Beatriz ainda disse que o tratamento humanitário dado aos moradores de rua muda a realidade deles. “A gente não olha para eles como usuários de álcool e outras drogas, a gente olha para eles como cidadãos de direito, com necessidade que nós temos”, afirmou.
