Rocinha tem terceiro dia de operação do Exército neste domingo

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Publicado em 24/09/2017 10h35

Rocinha tem terceiro dia de operação do Exército neste domingo

Após dia de muita tensão, madrugada foi de aparente tranquilidade. No sábado, saldo das ações militares foi de 9 presos, 18 fuzis apreendidos, três mortos e um adolescente vítima de bala perdida.

G1

A Rocinha, na Zona Sul do Rio, teve uma madrugada de aparente tranquilidade neste domingo (24), quando se completam três dias da atuação do Exército na comunidade. De acordo com as polícias Civil e Militar, não foram registradas trocas de tiros desde a noite de sábado, dia que terminou com 9 presos, 18 fuzis apreendidos, três mortos e um adolescente vítima de bala perdida. Durante patrulhamento pela manhã, policiais militares apreenderam frascos de lança-perfume por lá.

O clima na comunidade, no entanto, segue de tenso. A polícia crê que o traficante Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, conseguiu voltar para o morro, onde está escondido. Ele é apontado como pivô da guerra entre criminosos iniciada há uma semana.

Em entrevista à GloboNews na manhã deste domingo, um morador da Rocinha disse que a madrugada foi de “paz” na comunidade. “Tranquilo. [Estou] trabalhando, graças a Deus. Fazer o quê? Tem de sair, né?”, disse ao comentar que foi possível sair de casa normalmente

Já quando questionado sobre os últimos dias, ele afirmou que havia um clima de guerra por lá.
“Guerra. É igual ao Iraque, igual à síria. Só guerra, mais nada. O Rio de Janeiro pede paz”, relatou o morador.

O sábado (23), segundo dia da operação conjunta entre as polícias do estado e as tropas federais, foi marcado por diversos tiroteios, dentro e fora da Rocinha. Uma das ações mais críticas ocorreu durante a tarde, quando criminosos que fugiam pela mata da Floresta da Tijuca entraram em confronto com policiais no Alto da Boa Vista e na Usina. Três foram mortos e quatro foram presos. Um adolescente de 13 anos levou dois tiros, mas não corre risco de morrer.

Enfraquecimento do tráfico

Desde que entraram na favela, policiais e militares causaram um prejuízo de R$ 1 milhão aos traficantes. É o que estimou o delegado Antonio Ricardo, titular da 11ª DP (Rocinha).

“Esse foi o resultado desse cerco maior, mais restrito, com mais pontos de interceptação e maior número de equipes de busca”, avaliou o secretário de Segurança Pública do estado, Roberto Sá, em coletiva de imprensa no fim da manhã de sábado.

Sá destacou que desde o início do trabalho das Forças Armadas em conjunto com as polícias do estado “houve uma estabilidade que está sendo mantida” na comunidade. Na mesma coletiva, o comandante da 1ª Divisão do Exército, general Mauro Sinott, avaliou que foi feito “um trabalho muito bom, com bom rendimento e com excelente integração”.

Os representantes da segurança afirmaram que as ações na favela serão realizadas por tempo indeterminado e pediram ajuda de moradores para achar os criminosos, que teriam fugido para a floresta.

“A comunidade é que detém essa oportunidade de contribuir para que esse trabalho se perpetue no tempo. Eles [os moradores] são as pessoas que podem nos ajudar a limpar por um longo tempo a comunidade”, declarou o general Mauro Sinott, comandante da 1ª Divisão de Exército.

A contribuição principal dos moradores, segundo Sinott, é a denúncia às forças de segurança sobre a atuação de criminosos. “Eu não posso retirar o medo das pessoas [de denunciarem]”, ressaltou o general.

Sinott afirmou ainda que, por enquanto, será mantido o efetivo de 950 homens do Exército na operação. “Os resultados positivos desta madrugada indicam que nosso trabalho está sendo proveitoso e que, por isso, deve ser mantido”, afirmou. “Nós não temos um prazo para sair. Estamos tendo um bom rendimento das operações”.

Militares do Exército patrulham a comunidade da Rocinha, no Rio, desde a tarde da última sexta-feira (22) (Foto: Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)