Prisão de sargento do Batalhão de Choque por ameaça a comerciante provoca revolta na tropa

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Publicado em 01/10/2017 18h25

Prisão de sargento do Batalhão de Choque por ameaça a comerciante provoca revolta na tropa

O Ministério Público já se manifestou pela liberdade do militar

Da redação

O sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Éder Queiroz Gomes, de 35 anos, lotado no Batalhão de Choque, foi preso na tarde de ontem, dia 30 de setembro, sob a acusação de ameaça a um comerciante. A prisão em flagrante foi feita em uma lan-house na rua Alberto Carlos de Mendonça Lima, no Jardim Tijuca, em Campo Grande, onde o policial estava junto com outros dois colegas, fardado e em uma viatura policial. O Ministério Público manifestou pela liberdade do sargento neste domingo (1º).

Ao seu favor, o sargento tem a tropa, que, por meio da entidade que representa a classe e ainda de policiais que procuraram o site Campo Grande News, afirmam que a prisão foi arbitrária, que a suposta vítima fez ameaças e disse ter influência com gente de alta patente da PM.

De acordo com site Campo Grande News, o local onde o policial foi preso pertence a Franklin Nunes Martins, 26 anos, que acionou o Ciops (Centro de Integração e Operaçãoes) alegando estar sendo ameaçado. Segundo Franklin, o sargento foi ao local para tirar satisfações em nome de um amigo, identificado como o comerciante Eraldo Gomes Patrício Junior, de 27 anos, depois de um acidente de trânsito, na semana passada. Franklin estava em uma motocicleta e Eraldo em um veículo, quando ocorreu uma colisão, sem maiores danos, mas que provocou toda a confusão.

Os dois se desentenderam via Whatsapp, ao conversar sobre como resolveriam o conserto dos estragos provocados pelo acidente. Nos áudios das conversas, aos quais a reportagem teve acesso, o comerciante afirma textualmente que tem parentes de alta patente na Polícia Militar e ameaça transformar o carro de Eraldo em “uma peneira”;

Eraldo, então, pediu ajuda ao colega do Choque, conforme consta do auto de prisão em flagrante. No texto, Franklin admite que proferiu palavras em tom de ameaça, mas diz ter se arrependido e dito que arcaria com o próprio prejuízo com a motocicleta. A conversa contém áudios e mensagens por escrito.

Ainda assim, segundo a versão de Franklin, o policial o procurou durante o serviço e disse que se acontecesse algo com o amigo, o comerciante “se veria com ele”.

Outras viaturas

A situação envolveu três equipes da Polícia Militar, pelo menos. O relato do comerciante afirma que, primeiro, uma viatura identificada como sendo do Choque passou pelo local e os policiais olharam para o interior do estabelecimento. Depois, chegou o sargento Éder, com dois colegas. O comerciante cita ainda uma outra equipe que teria parado no local, conversado com ele, e logo se retirado.

Afirmando estar com medo, ele diz ter decidido acionar o Ciops, que enviou uma outra equipe, chefiada por um oficial, que foi quem fez a prisão. Conforme o documento, o comerciante chegou a pedir para que Éder se retirasse, mas o sargento alegou que ficaria para explicar a equipe que fosse ao local o acontecido.

Defesa

A alegação da defesa é que em nenhum momento houve tom de ameaça na visita ao estabelecimento, que teria sido motivada pelo áudio no qual integrantes da corporação são citados. Dizem, ainda, que o policial não tem antecedentes, é dono de uma ficha com elogios diversos e não há porque ficar preso por um crime considerado de menor potencial ofensivo. No Código Penal Militar, a pena máxima é de seis meses de reclusão.

O Ministério Público manifestou pela liberdade, através do pedido do promotor plantonista Alexandre Pinto Capibeiribe Saldanha, que em sua decisão, explica que além do crime, o qual o sargento é suspeito, ter pena prevista de seis meses, o militar possuí bons antecedentes criminais, residência fixa e trabalho lícito.

Policiais que trabalham com Éder Gomes entraram em contato com a reportagem dizendo-se revoltados com a ação da Corregedoria da PM. Segundo eles, o comerciante fez ameaças e ainda ofendeu integrantes da Corporação. Os policiais também apontam que ele tem várias passagens, a maior parte por violência doméstica.

O presidente da ACS (Associação dos Cabos e Soldados), Edmar Soares Silva, policial da reserva, questionou a prisão. “O que mais me admira é prenderem esse sargento, ele estava armado porque estava de serviço”.

Silva afirmou que nesta segunda-feira vai procurar o comando da Polícia Militar e que, se isso não for feito pelos advogados de Éder, a associação vai adotar providências em relação às ameaças em áudio, que, segundo ele, atentam, também, contra a Polícia Militar. “Ele não pode sair falando qualquer coisa da Corporação que está todo dia nas ruas protegendo as pessoas”.

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