Vítima de feminicidio, mulher tentou terminar relacionamento abusivo antes de morrer

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Foto de Daniela, publicada no perfil do Facebook em 2021 (Foto: Redes Sociais)

Vítima de feminicidio, Daniela Luiz, de 30 anos, pode ter sido assassinada por João José Furtado, de 32 anos, em decorrência do fim do relacionamento entre eles. A informação é da família, que acompanha a sequência da investigação com o sentimento de revolta, mas acreditando que a Justiça já foi feita, uma vez que o homem acabou morto durante confronto com a polícia na manhã desta quinta-feira (02), enquanto se preparava para fugir.

De acordo com os parentes, que ainda aguardam pela liberação dos corpos da mãe e do filho de 14 anos, que também foi morto pelo assassino na noite de quarta-feira (1º), o pai dos filhos da vítima esteve na casa onde a família mora, em Ribas do Rio Pardo, e a presença deste teria provocado o ataque de fúria em João José, que se armou de uma faca e partiu para cima de todos. Na ocasião, Daniela teria pedido o fim do relacionamento, o que não foi aceito pelo homem.

A investigação do caso detalha que Daniela e o namorado estavam na edícula, nos fundos do imóvel. A perícia identificou lesões no corpo da mulher, o que pode indicar que ela foi agredida com socos e chutes, inclusive, tinha um dos olhos roxo. Em seguida, ele esfaqueou a vítima diversas vezes no pescoço, peito e cabeça. A mulher não resistiu e faleceu na hora. Depois disto, o assassino foi até a casa da frente, onde mora a mãe de Daniela, no intuito de não deixar ninguém vivo para que ele não fosse preso.

Em um dos quartos matou o filho mais velho de Daniela, de 14 anos, o esfaqueando no peito e nas costelas. E depois agrediu e tentou matar a mãe da vítima, Cleuza Doleres Pereira, de 50 anos, porém, essa conseguiu ser socorrida com vida.

Nesse meio tempo, a filha mais nova de Daniela, de apenas quatro anos, conseguiu sair correndo da casa e pedir ajuda com vizinhos. Ela foi vista toda ensanguentada e deseperada na rua, gritando por socorro e dizendo que haviam “matado a sua mãe”. A polícia foi acionada logo depois, entre às 23h30 e 0h.

A família das vítimas disse para a imprensa que João José teria tentado ir também até a casa do ex-marido de Daniela e pai das crianças, que reside nas proximidades, no entanto, acabou fugindo.

A investigação pontuou que o casal, apesar de estarem convivendo juntos, mantinha um relacionamento abusivo, sendo o homem descrito como extremamente ciumento e possessivo. Apesar disso, Daniela nunca chegou a procurar ajuda com polícia ou pedir medida protetiva.

Uma das sobreviventes do ataque, Cleuza conseguiu ser atendida a tempo e foi encaminhada em estado grave para a Santa Casa de Campo Grande. De acordo com a última atualização do seu quadro clínico, ela recebeu transfusão de sangue e foi liberada para internação na enfermaria, com uma fratura no crânio. Já a filha mais nova segue sob os cuidados do Conselho Tutelar de Ribas do Rio Pardo e apresenta ‘estado de choque’, sendo acompanhada por psicólogos.

Apesar da morte do assassino, o caso ainda não foi concluído e deve levar mais alguns dias para isso. O delegado responsável, Bruno Santacatharina, solicitou imagens das câmeras próximas a residência para confirmar a dinâmica do crime. Até agora, já foram ouvidos alguns dos familiares das vítima, além do ex-marido e pai das crianças que, segundo o investigador, já tinha alertado Daniela sobre o sujeito.

Sobre o assassino, o delegado pontua que ele se mudou para a cidade por conta da alta demanda por funcionários da empresa que está em construção. O homem vinha morando em um alojamento e tinha um veículo Gol, branco, que foi a principal característica que ajudou na localização dele, horas depois do crime. João José foi encontrado nas proximidades da rodoviária e reagiu a abordagem policial, tentando esfaquear os militares com a mesma faca usada antes. No entanto, acabou baleado e morto.

O caso foi registrado como duplo homicídio e tentativa de homicídio.