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sábado, 8 de novembro, 2025
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Agressões contra a imprensa marcam o início da 2ª semana do acampamento bolsonarista na Av. Duque de Caxias

O acampamento bolsonarista na Avenida Duque de Caxias, em frente a sede do Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande, entrou na sua segunda semana nesta segunda-feira (7). Financiado por empresários e políticos ligados ao presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL), o grupo continua se mobilizando na esperança de conseguir alterar o resultado das eleições do segundo turno, ocorridas no dia 30 de outubro, e que culminaram na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A estrutura foi montada no final da tarde do últmo dia 31 e desde então se mantém ativo durante 24 horas por dia, tendo a sua maior concentração nos horários de pico e a noite. Durante alguns momentos do dia, eles interditam a pista no sentido centro-bairro deixando por vezes uma única pista de rolagem para o trânsito. Moradores do entorno reclamam do barulho promovido pelos manifestantes, além de todos os transtornos que estão passando para poder ir e vir de suas casas.

Também nesta segunda-feira, os manifestantes agrediram jornalistas de diferentes veículos da imprensa que cobriam o ato, impedindo o livre exercício da profissão. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram veemente os atos. “O acesso à informação é um dos pilares do estado democrático de direitos, que vem sendo constantemente ferido durante estes atos antidemocráticos organizados por um grupo que questiona a vontade da maioria brasileira, externada nas unas no dia 30 de outubro”, diz um trecho da nota das entidades representativas.

Confira o vídeo do momento em que a equipe do SBTMS é agredida verbalmente pelos manifestantes:

Dourados também tem acampamento

Em Dourados, os bolsonaristas estão acampados em frente a sede da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército, nas margens da Avenida Guaicurus, trecho da MS-162 que liga o centro de Dourados ao aeroporto e aos campi da UFGD e da Uems.

Ao contrário da Capital, por lá o grupo está usando a estrutura do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) para guardar os veículos e fazer refeições. Durante o dia, cerca de 200 lojas fecharam as portas em protesto pelo resultado das eleições.

O que querem os manifestantes?

Os protestos acontecem desde o fim do segundo turno eleitoral, quando o presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado nas urnas pelo petista Lula. Motivados pela fala do ídolo político, os eleitores passaram a bloquear trechos de rodovias em quase todo o País, colocando em risco o abastecimento de alimentos e combustíveis.

Durante a última semana, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi forçada pela Justiça a combater os protestos e liberar novamente o trânsito nas estradas brasileiras. Entretanto, no perímetro urbano, como em Campo Grande e Dourados, as autoridades públicas não se manifestaram ou se mobilizaram pelo fim das ações.

Pelas redes sociais, bolsonaristas têm compartilhado mensagens e até mesmo respondido postagem oficiais do Exército Brasileiro onde pedem a intervenção militar no País, algo que é inconstitucional e até mesmo injustificável já que não houve comprovações de irregularidades nas eleições. O resultado já foi até mesmo reconhecido por Jair Bolsonaro, que autorizou o processo de transição dos governos.

Confira a nota do Sindjor-MS e da Fenaj

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vem a público repudiar veementemente a hostilização e violência contra os profissionais da imprensa local por parte de integrantes dos movimentos golpistas que, reunidos em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande (MS), questionam o resultado das eleições presidenciais de 2022.

O Sindjor-MS recebeu, nesta segunda-feira (7), diversos vídeos que mostram repórteres, cinegrafistas e auxiliares recebidos aos gritos, com palavras de baixo calão, ao tentarem fazer a cobertura deste atos. Os registros em vídeo que, até o momento, foram apresentados ao Sindjor-MS apresentam equipes do SBT MS, TV Guanandi (Band), e dos sites Campo Grande News e TopMídia News sendo hostilizados pelos manifestantes.

Uma das equipes relatou ao sindicato que somente conseguiu se aproximar do local mediante “escolta” de manifestantes que chancelaram o trabalho dos jornalistas. Já outra equipe sequer conseguiu adentrar o local, diante do risco à integridade dos profissionais.

Ou seja, o que ocorre é não somente uma tentativa de impedir a imprensa de trabalhar, mas, principalmente, de informar aos cidadãos o que ocorre nestes movimentos.

O acesso à informação é um dos pilares do estado democrático de direitos, que vem sendo constantemente ferido durante estes atos antidemocráticos organizados por um grupo que questiona a vontade da maioria brasileira, externada nas unas no dia 30 de outubro.

Nos solidarizamos com os profissionais de imprensa hostilizados, e ressaltamos que estamos à disposição para atendê-los, bem como a toda a categoria, com o objetivo de garantir que os profissionais de imprensa possam trabalhar, levar informação à sociedade, e exercer o direito de ir e vir.

Informamos, ainda, que a assessoria jurídica do sindicato está tomando as providências legais contra este tipo de cerceamento, de forma a garantir a integridade dos jornalistas.

Campo Grande – MS, 7 de novembro de 2022.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MS (Sindjor/MS)
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)

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