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sábado, 3 de maio, 2025
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Brasil sobe 47 posições em ranking global de liberdade de imprensa

O Brasil avançou 47 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2025, divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta semana. O país ocupa agora a 63ª colocação entre os 180 avaliados, uma melhora significativa em comparação a 2022. Segundo a RSF, o avanço brasileiro está associado a um clima menos hostil ao jornalismo após o fim do governo de Jair Bolsonaro.

O relatório anual da RSF mede as condições reais para o exercício livre e seguro do jornalismo, levando em conta fatores políticos, legais, econômicos, sociais e de segurança. Apesar do avanço brasileiro, o cenário mundial é alarmante: seis em cada dez países registraram queda nos indicadores, e pela primeira vez, metade do planeta é considerada uma região onde as condições para a imprensa são “ruins”. Apenas um em cada quatro países vive uma situação “satisfatória”.

A pontuação média global caiu para menos de 55 pontos, o que a RSF classifica como um contexto “difícil” para o jornalismo. A ONG alerta que a independência da imprensa segue ameaçada pela pressão econômica, com concentração de propriedade de veículos, cortes de financiamento e interferência de grandes grupos privados ou estatais.

“Garantir um espaço de meios de comunicação pluralistas, livres e independentes exige condições financeiras estáveis e transparentes. Sem independência econômica, não há imprensa livre”, afirmou Anne Bocandé, diretora editorial da RSF.

Retrocessos em países vizinhos

Enquanto o Brasil avança, vizinhos sul-americanos enfrentam retrocessos. A Argentina caiu para a 87ª posição, após ações do presidente Javier Milei que desmantelou a mídia pública, estigmatizou jornalistas e utilizou a publicidade estatal como mecanismo de pressão. Já o Peru, agora na 130ª posição, vive um colapso na liberdade de imprensa, com denúncias de assédio judicial, desinformação e pressão sobre veículos independentes.

Nos Estados Unidos, que ocupam a 57ª posição, o segundo mandato de Donald Trump é citado como responsável por deteriorar a confiança na imprensa e marginalizar jornalistas, além de cortar o financiamento da agência federal USAGM. A situação dos jornais locais também preocupa, com diversos títulos sendo encerrados.

Oriente Médio e Big Techs

O Oriente Médio e o Norte da África permanecem as regiões mais perigosas para jornalistas, com destaque para o que a RSF chamou de “massacre do jornalismo em Gaza” pelo exército de Israel. Exceto pelo Catar (79º lugar), todos os países da região têm situação classificada como “difícil” ou “muito grave”.

Outro ponto central do relatório é o impacto das big techs. A RSF denuncia o domínio de gigantes como Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft (GAFAM) na distribuição de informações, minando o modelo de financiamento tradicional da mídia. Em 2024, os gastos com publicidade nas redes sociais chegaram a US$ 247,3 bilhões, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. Esse domínio também alimenta desinformação e manipulação de conteúdo.

Além disso, a concentração de propriedade da mídia foi identificada em 46 países, onde os veículos estão sob controle de poucos grupos privados ou do próprio Estado, ameaçando diretamente o pluralismo da informação.

O relatório reforça o alerta: sem liberdade e sustentabilidade econômica, o jornalismo está em risco — o que compromete não apenas os profissionais da área, mas a própria qualidade da democracia.

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