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quinta-feira, 31 de julho, 2025
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MS contabiliza 134 denúncias de violência contra profissionais de medicina em 2024

Estado é o 10º estado que mais agride médicos em hospitais

Um levantamento do Conselho Regional de Medicina (CRM) mostrou que, em 2024, o Mato Grosso do Sul registrou 134 casos relacionados à violência contra médicos em hospitais, postos de saúde e clínicas, ocupando a 10ª posição do ranking no país.

MS contabiliza 134 denúncias de violência contra profissionais de medicina em 2024

No cenário nacional, o problema também é grave: desde 2013, o Brasil já contabilizou cerca de 38 mil registros de agressões contra profissionais da saúde, sendo 4.562 ocorrências somente em 2024. Isso equivale a uma média de 12 médicos agredidos por dia — ou um a cada duas horas — em estabelecimentos públicos e privados.

Para enfrentar essa realidade, o Mato Grosso do Sul vai implementar a partir de 2025 a “Campanha de Combate à Violência contra os Profissionais da Saúde”, que ocorrerá anualmente na semana do dia 18 de novembro (entre os dias 17 e 21). A iniciativa, proposta pela deputada estadual Lia Nogueira (PSDB) e aprovada pela Assembleia Legislativa, foi motivada pelo assassinato do médico Edvandro Gil Braz, ocorrido em um hospital de Douradina (MS). O crime foi cometido após o agressor manifestar insatisfação com o atendimento prestado à esposa.

No Brasil, a violência contra médicos é mais frequente no interior do país, que responde por 66% dos casos (2.551), enquanto as capitais somam 34% (1.337). Médicos e médicas são vítimas em proporções semelhantes, mas as agressões contra médicas tiveram aumento no último ano.

Uma médica da região leste de Campo Grande, que preferiu não se identificar, relatou ter sofrido agressões verbais durante seu plantão. “Já gritaram comigo me chamando de incompetente e irresponsável na frente de várias pessoas. Entendo que as famílias querem atendimento rápido, mas isso se torna quase impossível quando há surtos de síndromes respiratórias e muita demanda nas unidades”, afirmou.

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, destacou a necessidade de garantir a integridade física dos profissionais da saúde, além da estrutura dos locais de trabalho. “Os profissionais carecem de segurança física dentro das unidades. Não é só o patrimônio que precisa ser protegido, mas também as condições para o exercício da atividade médica, incluindo um ambiente seguro”, ressaltou.

Ele ainda enfatizou o apoio do CFM à aprovação de projetos de lei que aumentem as penalidades para quem agredir médicos durante o trabalho, citando o PL nº 6.749/16, já aprovado na Câmara dos Deputados. Além disso, o conselho trabalha com governos estaduais e policiais civis para a criação de delegacias especializadas em crimes contra a saúde, fortalecendo o combate à violência.

Os dados do levantamento foram coletados pelo CFM junto às Polícias Civis dos 27 estados brasileiros, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

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