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sexta-feira, 20 de junho, 2025
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Canetas emagrecedoras podem reduzir eficácia de anticoncepcionais, alertam autoridades de saúde

O aumento do número de casos de gravidez não planejada entre mulheres que usam medicamentos para emagrecimento, como Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), levou o órgão regulador de medicamentos do Reino Unido a emitir um alerta para mulheres em idade reprodutiva. A preocupação surgiu após a agência receber 40 relatos de gravidezes inesperadas em usuárias desses remédios, popularizados por sua eficácia na perda de peso.

O fenômeno, apelidado de “bebês Ozempic” em referência a outro medicamento da mesma classe (o Ozempic), chama a atenção para a possível redução da eficácia dos anticoncepcionais orais quando usados em conjunto com os medicamentos para emagrecer.

Essas injeções agem imitando o hormônio GLP-1, liberado naturalmente após as refeições e responsável por suprimir o apetite. No caso da tirzepatida, o efeito é potencializado com a atuação em outro sistema hormonal, o GIP, que também ajuda a reduzir a fome. Uma das consequências desse mecanismo é o retardamento do esvaziamento gástrico, o que pode interferir na absorção de medicamentos orais, incluindo as pílulas anticoncepcionais.

Um estudo recente de 2024 apontou que a tirzepatida pode reduzir em até 20% os níveis de etinilestradiol – um dos principais hormônios usados em pílulas anticoncepcionais combinadas – na corrente sanguínea, além de retardar a absorção completa em até quatro horas. Com a semaglutida, os efeitos foram menos pronunciados, mas ainda significativos.

Além disso, efeitos colaterais comuns dos medicamentos, como vômitos e diarreia, observados em 12% e 23% dos usuários de tirzepatida, respectivamente, aumentam o risco de falha contraceptiva, já que podem impedir a absorção adequada da pílula.

Outro fator apontado por especialistas é o aumento da fertilidade decorrente da própria perda de peso. A obesidade é frequentemente associada à redução da fertilidade e à síndrome dos ovários policísticos (SOP), uma condição que afeta o ciclo ovulatório. Com a perda de peso, há tendência de melhora na função reprodutiva, o que pode aumentar as chances de gravidez, mesmo em mulheres que antes enfrentavam dificuldades para engravidar.

Apesar das preocupações com os anticoncepcionais orais, métodos contraceptivos não orais, como dispositivos intrauterinos (DIUs), adesivos transdérmicos, implantes e preservativos, não parecem ser afetados pelos medicamentos para emagrecer.

A orientação oficial é que mulheres que iniciem o uso de semaglutida ou tirzepatida considerem métodos contraceptivos de barreira ou outros não orais por pelo menos quatro semanas após o início do tratamento – período em que os efeitos colaterais gastrointestinais tendem a ser mais intensos.

Além disso, as mulheres que engravidarem durante o uso desses medicamentos devem procurar orientação médica imediatamente, uma vez que ainda não há dados suficientes sobre a segurança do uso de GLP-1 durante a gestação.

O alerta reforça a necessidade de acompanhamento médico rigoroso para todas as pacientes que usam medicamentos para emagrecimento e que também fazem uso de métodos contraceptivos orais.

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