Em meio a mais um embate com o Congresso Nacional, o governo federal conseguiu virar o jogo — pelo menos nas redes sociais. É o que mostra um levantamento do instituto Quaest, divulgado neste sábado (5), que analisou mais de 4,4 milhões de menções nas plataformas digitais entre os dias 24 de junho e 4 de julho, período marcado pela queda de braço entre o Executivo e o Legislativo sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Segundo os dados, 61% das publicações foram críticas ao Congresso, enquanto apenas 11% atacaram o governo. As demais (28%) foram neutras. O estudo indica que, ao contrário de outras disputas políticas nas redes, desta vez o governo saiu fortalecido no debate público digital, com baixa polarização e menor incidência de ataques ao presidente Lula.
Lula teve menções discretas e majoritariamente positivas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado em apenas 15% das postagens relacionadas ao tema. Destas, 45% foram favoráveis, enquanto 31% tiveram tom negativo — o que representa uma melhor performance digital do governo em relação a confrontos anteriores com o Legislativo ou episódios de crise institucional.
Hugo Motta, símbolo do “Congresso da mamata”
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se tornou um dos principais alvos nas redes, aparecendo em 8% das menções. A Quaest aponta que o deputado foi retratado como símbolo de privilégios e distanciamento social, alimentando a narrativa do chamado “Congresso da mamata”, expressão presente em 13% das postagens analisadas. Já o termo “Inimigos do Povo” apareceu em 18% das menções.
A mobilização digital contrária ao Congresso ganhou força no dia 25 de junho, quando os parlamentares derrubaram um decreto presidencial sobre o IOF. Entre os dias 30 de junho e 3 de julho, o volume de críticas voltou a crescer, com um novo pico de menções negativas ao Congresso e especialmente a Hugo Motta.
Base governista mais ativa nas redes
Outro destaque do relatório é a atuação mais engajada da base governista nas redes sociais. De acordo com a Quaest, parlamentares aliados ao governo publicaram com maior frequência sobre o tema em comparação a outros embates recentes, o que mostra uma estratégia mais coordenada no ambiente digital.
Disputa com o Congresso supera escândalo do INSS em repercussão
A repercussão digital da disputa entre os Poderes superou temas que anteriormente dominaram o debate nas redes. Segundo o monitoramento da Quaest, o confronto entre governo e Congresso gerou 18 mil menções por hora, em média, entre 24 de junho e 4 de julho — mais do que o escândalo do INSS (15 mil menções/hora) e a abertura do inquérito do golpe (10 mil menções/hora). Até mesmo o aumento do IOF, tema inicial da polêmica, teve impacto digital bem menor, com apenas 595 menções/hora entre 19 e 29 de maio.
Assunto | Período | Menções/hora |
---|---|---|
Governo x Congresso | 24/06 a 04/07/25 | 18 mil |
Escândalo do INSS | 23/04 a 07/05/25 | 15 mil |
Inquérito do golpe | 17/11 a 27/11/24 | 10 mil |
Aumento do IOF | 19/05 a 29/05/25 | 595 |
Metodologia
O levantamento foi realizado com base na metodologia de “social listening”, que coleta e analisa postagens nas principais redes sociais — X (antigo Twitter), Instagram, Facebook, Reddit, Tumblr e YouTube —, além de sites de notícias. As menções foram rastreadas por palavras-chave e organizadas com apoio da API própria da Quaest.
A análise demonstra que, apesar de críticas pontuais, o governo conseguiu assumir a dianteira na narrativa digital e mobilizar sua base para enfrentar uma das mais intensas disputas com o Congresso em 2025.