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sexta-feira, 8 de agosto, 2025
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Governo finaliza plano para enfrentar tarifaço dos EUA e deve anunciar medidas até terça

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou nesta quinta-feira (7) que o governo federal finalizou o plano de contingência para proteger os setores da economia brasileira mais impactados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. A proposta foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (6) e deve ser oficialmente divulgada até a próxima terça-feira (12).

Segundo Alckmin, o objetivo central do plano é oferecer apoio às empresas com maior volume de exportações para o mercado norte-americano, principalmente aquelas que serão diretamente atingidas pelo aumento das tarifas. Ele destacou que será feita uma análise setorial criteriosa para entender o impacto em diferentes segmentos e regiões. Como exemplo, citou o estado do Ceará, que possui alta dependência das exportações aos EUA.

“Mais da metade das exportações brasileiras foram excluídas do tarifaço. Cerca de 45% estão fora da ordem executiva, enquanto 18% se mantêm sob a seção 232, com alíquotas equivalentes às praticadas no mundo. Isso não compromete a competitividade. Mas aproximadamente 37% a 38% das exportações sofrerão impacto com tarifas que somam 10% mais 40%, o que é um nível altíssimo”, explicou o vice-presidente.

Além das medidas emergenciais para os setores mais afetados, o governo brasileiro também busca reverter a decisão junto aos EUA. Alckmin afirmou que o Brasil segue apostando no diálogo diplomático, ressaltando os impactos negativos que o tarifaço pode trazer à própria economia americana.

“É uma política perde-perde. Vai encarecer produtos americanos e romper cadeias produtivas. No caso do aço, por exemplo, somos grandes importadores de carvão siderúrgico. Produzimos aço semiplano, exportamos para os EUA e lá o material é usado na fabricação de automóveis, máquinas, aviões. Ao impor tarifas, o custo aumenta para todos”, afirmou.

Alckmin se reuniu nesta quinta-feira com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar. No encontro, foram discutidas possibilidades de cooperação em áreas como data centers, big techs e minerais estratégicos — uma tentativa de abrir canais de negociação mais amplos.

Tarifas já em vigor

As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros passaram a valer nesta quarta-feira (6), por ordem executiva do ex-presidente Donald Trump, retomada pela atual administração dos EUA. A justificativa da Casa Branca foi de que o Brasil representa uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional e à economia americana — argumento refutado pelas autoridades brasileiras.

Segundo o governo, cerca de 35,9% das exportações do Brasil para os Estados Unidos serão impactadas diretamente pela nova tarifa. Por outro lado, itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos foram poupados da medida.

A expectativa do governo brasileiro agora é mitigar os danos no curto prazo e seguir apostando em negociações para derrubar a medida — considerada injusta e prejudicial tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos.

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