O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou oficialmente nesta sexta-feira (8) sua saída da base aliada do governo de Mato Grosso do Sul, liderado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB). A decisão foi comunicada em coletiva de imprensa na sede do diretório do partido, em Campo Grande, e passa a valer a partir do próximo dia 30 de agosto.
O rompimento ocorre após críticas do governador ao decreto de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foram interpretadas pelo PT como um alinhamento do governo estadual com a extrema-direita. Em nota publicada nas redes sociais, Riedel classificou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como “excesso judicial” que agrava a tensão política no país.
Para o PT, essa postura evidencia um posicionamento do governador que não condiz com os valores democráticos defendidos pelo partido. “A permanência do PT no governo se torna inviável diante do alinhamento do grupo político do governador com a extrema-direita”, afirmou Vladimir da Silva Ferreira, presidente estadual do PT.
O partido, que apoiou Riedel no segundo turno das eleições de 2022 para evitar a vitória da extrema-direita no estado, agora pede que os 25 cargos ocupados por indicados do PT no Executivo estadual sejam entregues. A decisão sobre a permanência ou saída de cada indicado ficará a critério individual, mas sem o aval da direção estadual, que inclusive convida os remanescentes a se desfiliar.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) classificou a nota do governador como uma declaração clara de apoio à extrema-direita, tornando insustentável a participação do partido no governo. “Ficamos numa situação desconfortável participando do governo enquanto ele defende essa agenda”, destacou.
A saída do PT ocorre em meio a um contexto de tensões políticas no país, intensificadas por manifestações recentes que pedem o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, o que também influenciou a decisão da sigla em Mato Grosso do Sul.
Com o rompimento, o PT sinaliza uma mudança significativa no cenário político estadual, refletindo a polarização nacional e a busca por reafirmar os compromissos democráticos do partido frente a um governo estadual que, segundo a sigla, caminha para a extrema-direita.