A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS terá, na próxima terça-feira (26), a primeira reunião após o início tumultuado dos trabalhos. Na pauta estão a definição do plano de trabalho e a análise dos primeiros requerimentos apresentados por deputados e senadores.
Até a noite de sábado (23), mais de 800 pedidos já haviam sido protocolados no colegiado, incluindo convocações, quebras de sigilos e requisições de informações a órgãos públicos. As movimentações antecipam a estratégia tanto da oposição quanto da base governista ao longo da investigação.
Entre os alvos dos requerimentos está José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dirigente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), uma das entidades investigadas no escândalo. Ao menos oito pedidos miram o dirigente, sendo seis de convocação. Um deles é assinado pelo próprio relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
Outro nome citado com frequência é Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, sócio de 22 empresas suspeitas de envolvimento no esquema. Ele é alvo de pelo menos 12 pedidos de convocação.
A oposição também protocolou requerimentos para ouvir ministros do governo Lula, como Wolney Queiroz (Previdência Social), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União). O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que deixou o cargo após denúncias, foi alvo de 15 pedidos, entre convocações e quebras de sigilo.
Na primeira reunião, os parlamentares devem analisar 35 requerimentos, sendo 18 de convocações. Estão na pauta os pedidos para ouvir os ex-ministros Carlos Lupi, Carlos Eduardo Gabas e José Carlos Oliveira, além de dez ex-presidentes do INSS e representantes de órgãos como a Polícia Federal, a CGU e a Defensoria Pública da União.
A criação da CPMI é resultado da revelação de um esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias e pensões, denunciado em abril após operações da Polícia Federal e da CGU. Segundo estimativas, aposentados e pensionistas teriam sofrido prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A instalação da comissão foi marcada por reveses para o governo, que viu a oposição conquistar a presidência e a relatoria, cargos estratégicos para condução dos trabalhos. Embora a base governista afirme ter maioria no colegiado, admite falhas na articulação política para barrar pedidos contrários a seus interesses.