A segunda fase da Operação Cyber Fake, deflagrada em 21 de agosto pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), revelou um esquema de extorsão digital sofisticado e persistente, com início em 2016. O investigado, preso preventivamente em Itaquiraí (MS), é acusado de utilizar perfis falsos para ameaçar vítimas com o vazamento de conteúdos íntimos e, em seguida, oferecer serviços fraudulentos de “proteção cibernética” mediante pagamento.
A operação foi conduzida pela 1ª Promotoria de Justiça de Itaquiraí, em conjunto com a Unidade de Combate aos Crimes Cibernéticos (UICC/CI) do MPMS.
Segundo a investigação, o golpe seguia um padrão bem estruturado: o autor criava perfis falsos em redes sociais, simulava ameaças de exposição de imagens íntimas e se apresentava como “especialista em segurança digital”.
Após conquistar a confiança das vítimas, oferecia serviços de proteção, cobrando valores elevados para “remover conteúdos da internet” ou “blindar perfis contra ataques”. Na prática, ele mesmo era o responsável pelas ameaças e mantinha o ciclo de extorsão ativo, mesmo após os pagamentos.
Em um dos casos mais recentes, a vítima foi coagida a pagar R$ 16.800,00, divididos em:
- R$ 4.800,00 por um “pacote inicial de proteção”;
- R$ 750,00 por “proteção adicional”;
- R$ 13.875,00 pela suposta “exclusão definitiva de mídias íntimas”.
Mesmo após os pagamentos, as ameaças continuaram, revelando o caráter fraudulento da atuação. O histórico do investigado mostra que ele já havia feito vítimas em diferentes estados, incluindo uma adolescente de 16 anos, que foi obrigada a vender bens para pagar cerca de R$ 1.000,00.
A investigação identificou diversos perfis falsos usados para aplicar os golpes, como “Roni Godoi”, “thiagooo_coutinho”, “cr.andromeda”, “crr.andromeda”, “Wesley Lopes” e “Gabriel”. A análise técnica revelou uma estrutura digital organizada, com uso de engenharia social, ocultação de identidade e armazenamento de material sensível.
A operação teve como objetivo dar seguimento à persecução penal com base em novos elementos probatórios obtidos na primeira fase da investigação. O MPMS reafirma que a ação visa não apenas punir os responsáveis, mas também proteger vítimas vulneráveis e combater a impunidade em crimes digitais.
Alerta
Além do trabalho investigativo e repressivo, o Ministério Público alerta a população para que não compartilhe informações pessoais ou imagens íntimas com desconhecidos, desconfie de abordagens por perfis não verificados e evite realizar transferências financeiras a terceiros sem a devida verificação de identidade. O uso consciente das redes sociais é uma medida essencial de autoproteção frente a fraudes digitais e crimes sexuais cibernéticos, que vêm se tornando cada vez mais sofisticados e frequentes.
Denúncias podem ser feitas pela Ouvidoria do MPMS, pelo site ouvidoria.mpms.mp.br, pelo telefone 127 ou diretamente nas Promotorias de Justiça.