O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, nova geração da televisão aberta e gratuita no país. A cerimônia contará com a presença do ministro das Comunicações, Frederico de Zigueira Filho.
A tecnologia promete transformar a experiência televisiva ao oferecer imagens em ultra-alta definição (4K e até 8K), som imersivo em 3D e recursos avançados de interatividade, integrando definitivamente a TV aberta com a internet. O Brasil será o primeiro país da América Latina e entre os Brics a adotar o padrão.
Interatividade e novos recursos
Com a TV 3.0, será possível participar de enquetes, escolher câmeras em reality shows ou transmissões esportivas, realizar compras de produtos exibidos na tela e até rever lances em partidas de futebol com um clique no controle remoto. A tecnologia também permitirá a personalização de conteúdos e anúncios, além de recursos de acessibilidade aprimorados, como Libras e audiodescrição.
Outra inovação é o DTV Play, que organizará canais em aplicativos, aproximando a navegação da experiência já consolidada em plataformas de streaming. “Será possível navegar entre a programação da emissora e conteúdos via internet diretamente pelo menu da TV”, explicou o professor e doutor em comunicação Paulo Henrique Almeida.
Serviços públicos e inclusão
Além do entretenimento, a TV 3.0 poderá ser usada para disponibilizar serviços e políticas públicas, especialmente voltados à população de baixa renda, em áreas como saúde e educação.
O Ministério das Comunicações lembra que, segundo o IBGE, 91,5% das residências brasileiras usavam internet em 2022, mas ainda existem 6,4 milhões de domicílios sem conexão. Para especialistas, a TV 3.0 poderá ser uma ponte de acesso à informação e serviços digitais para essas famílias.
Implantação gradual até 2026
O acesso à nova tecnologia será gratuito, mas inicialmente exigirá um conversor para televisores mais antigos, até que os aparelhos vendidos no país já venham preparados para o padrão. A implementação será gradual e deverá ser concluída até a Copa do Mundo de 2026.
Especialistas destacam que a implantação da TV 3.0 exigirá investimentos e coordenação devido ao tamanho continental do Brasil, além de possível necessidade de troca de equipamentos por parte dos usuários.
Ainda assim, o impacto esperado é comparado a uma “revolução digital” no setor. “Com a TV 3.0, o consumo típico da internet, mas pago, vai se encontrar com a oferta gratuita e de amplo alcance da televisão. Isso terá altíssimo impacto na economia e na sociedade”, afirma o pesquisador Romes de Araújo.