O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está em Brasília e reforçou a articulação política para acelerar a votação da anistia no Congresso. O movimento, defendido pela oposição, prevê perdão a condenados pelos atos de 8 de janeiro e aos envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado.
Nos bastidores, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pressionam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pautar o projeto logo após o julgamento em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Motta, porém, afirma que não há condições para votação imediata, mas deixou aberta a possibilidade para as próximas semanas.
União Progressista rompe com governo Lula
O Partido Progressista (PP) e o União Brasil — reunidos na federação União Progressista — anunciaram nesta terça-feira (2) o rompimento com o governo Lula. As legendas também oficializaram apoio à anistia e determinaram que seus filiados em cargos no Executivo petista entreguem os postos, sob risco de expulsão. A medida atinge, por exemplo, os ministros André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo).
Pressão e votos
Em reunião na casa do deputado Zucco (PL-RS), opositores decidiram ampliar a pressão sobre Motta. Segundo lideranças, já haveria mais de 310 votos favoráveis ao projeto — número superior aos 257 necessários para aprovação. O apoio viria de parlamentares do PL, PP, Republicanos, União Brasil, além de setores do Podemos, MDB e Cidadania.
A proposta em discussão prevê anistia ampla, abrangendo investigados desde o inquérito das Fake News, aberto em 2019, até hoje. Estima-se que mais de 1.500 pessoas poderiam ser beneficiadas, incluindo o próprio Jair Bolsonaro.
Resistência do governo
A base governista classifica a medida como uma tentativa de interferir nos trâmites do Judiciário. O líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), declarou que crimes contra o Estado Democrático de Direito não podem ser anistiados e prometeu barrar o projeto.
“O Congresso não pode entrar em uma aventura, em uma irresponsabilidade”, disse Lindbergh.
Papel de Tarcísio
A ida de Tarcísio a Brasília foi interpretada como resposta a um pedido do próprio Bolsonaro e deu novo fôlego à pauta da anistia. O governador é visto como aliado leal do ex-presidente e, recentemente, declarou que, caso eleito presidente da República, concederia indulto a Bolsonaro.