Mato Grosso do Sul acumula 253 pacientes na fila de espera por um órgão. A informação foi divulgada nessa quarta-feira (03) pelo Ministério da Saúde como parte das celebrações do chamado Setembro Verde, campanha nacional de doação de órgãos que busca incentivar e conscientizar a população sobre o tema.
Do total, a maioria, 239, esperam pela doação de um rim, enquanto 11 aguardam pelo transplante de fígado e três estão na busca de um novo coração. O detalhamento também revela que 143 pacientes da fila são homens e 110, mulheres, em comum, a maioria tem de 50 a 64 anos. No Brasil, são 47.017 pessoas na fila de espera por um órgão.
Neste ano, Mato Grosso do Sul já realizou 55 transplantes de órgãos, sendo 39 fígados e 16 rins para 34 pacientes homens e 21 mulheres. O número já é maior do que o registrado em todo o ano de 2024, quando foram 40 procedimentos. Em todo o País, foram 6.481 operações, sendo 4.331 doações de rins, 1,7 mil fígados e 282 corações.
Sobre o transplante da córnea, um dos mais procurados pela população, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Sistema Único de Saúde (SUS) revela que são 389 pacientes na fila em Mato Grosso do Sul e já foram 217 operações realizadas. Em 2024, foram 278 procedimentos e, em 2023, 265. No País, são 33.083 aguardando o órgão.

A importância do doador avisar a família
O transplante só é possível a partir do “sim” do doador e da sua família, pois a maior parte das doações é realizada após a morte do paciente, sendo necessária a autorização da família que, via de regra, respeita o desejo do parente. Daí, a importância de informar aos mais próximos sobre a decisão de doar.
Mas há também a doação entre vivos com o transplante de um dos rins (doador falecido fornece os dois), parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões, sendo a compatibilidade sanguínea necessária em todos esses casos, além de testes para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
O processo começa com o diagnóstico de morte encefálica (no caso de órgãos) ou parada cardiorrespiratória (córneas, vasos, pele, ossos e tendões). Depois, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) conversa com a família para a doação. Com o “sim”, são feitos exames de compatibilidade e doenças, a retirada do órgão, transporte e, por fim, o transplante.
“A Cihdott atua nesse processo que abrange a busca de potenciais doadores e no acolhimento da família durante a internação, quando as dúvidas e questionamentos são sanados”, explica o enfermeiro Guilherme Fernandes, coordenador da Cihdott do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS).
Caso real
A neuropsicopedagoga Rafaela Rodrigues, de 32 anos, recebeu um dos rins do pai, o tratorista Rafael Leite, de 56 anos. Ela foi transplantada no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) em fevereiro de 2021. O rim direito de Rafaela estava totalmente comprometido e o esquerdo com 30% da capacidade de funcionamento devido a uma alteração congênita, chamada refluxo vesicoureteral.
“Hoje, após quatro anos e seis meses do transplante, posso dizer que sou outra Rafa: acredito que o transplante veio para me mostrar o que é realmente ter saúde, ter qualidade de vida, percebendo até nas simples coisas, como ter unhas fortes, dormir e realmente descansar e acordar 100% renovada. Hoje tenho vitalidade para realizar e correr atrás dos meus planos, sonhos e objetivos. Como é bom viver!”, relatou.
A doação e o transplante mudaram as vidas de pai e filha. “É inexplicável a felicidade que eu senti em ser compatível com a minha filha e ter essa oportunidade de poder doar a ela, que está bem agora. Isso me deu uma grandeza, uma autoestima e uma felicidade enorme. Eu sou o homem mais feliz do mundo”, revela Rafael, que aconselha as pessoas a deixarem registrada a vontade de doar.