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domingo, 7 de setembro, 2025
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Centrão se divide entre governo Lula, projeto de anistia e futuro político de Tarcísio

Partidos do Centrão têm apoiado o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em articulações relacionadas ao projeto de anistia que tramita no Congresso. Nos bastidores, lideranças enxergam no ex-ministro da Infraestrutura um substituto natural ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial de 2026.

Apesar disso, a relação com o governo federal continua sendo ponto de tensão. Ministros indicados pelas principais siglas do bloco – Republicanos, PP e União Brasil – resistem a deixar as pastas que comandam. Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo) buscam preservar suas posições, mesmo com o discurso de alinhamento ao campo da oposição.

Costa Filho declarou, inclusive, que estará ao lado de Lula nas eleições de 2026. Fufuca segue despachando normalmente, enquanto Sabino aposta na visibilidade da COP30, que será realizada no Pará, sua base eleitoral, para se manter no ministério.

Anistia em disputa

A proposta de anistia a Jair Bolsonaro é hoje o maior ponto de discordância em Brasília. O PL defende um texto amplo, com perdão geral, que poderia livrar o ex-presidente de eventual condenação no Supremo e mantê-lo elegível. Parte do Centrão, porém, trabalha por uma versão mais “light”, nos termos do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que não teria efeito direto sobre a elegibilidade de Bolsonaro.

O PL rejeita qualquer acordo nesse sentido. Na quinta-feira (4), o líder da legenda na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), se reuniu com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), cobrando um cronograma para votação e reforçando que não abre mão da inclusão de Bolsonaro entre os anistiados.

Tarcísio no radar

Enquanto a disputa em torno da anistia continua sem consenso, parte do Centrão aposta em Tarcísio de Freitas como o herdeiro político de Bolsonaro. Uma solução intermediária, que alivie a pena do ex-presidente, mas o mantenha fora das urnas, é considerada por esse grupo como caminho possível para abrir espaço ao governador paulista em 2026.

O Planalto, por sua vez, tenta explorar as divisões internas do bloco e manter parte do Centrão próximo até o início do próximo ano.

Resistência militar

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, evitou se aprofundar no debate após almoço com Lula e comandantes das Forças Armadas nesta sexta-feira (5). Questionado, disse não conhecer o projeto de anistia e reforçou a necessidade de diálogo.

“Se for discutir de uma forma construtiva e não para medir forças sobre quem manda mais, acho que a queda de braço não serve ao país. Estamos numa hora em que precisamos juntar todo mundo para construir este país”, afirmou.

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