O tradicional Grito dos Excluídos, manifestação realizada anualmente no Brasil em defesa de pautas sociais, marcou o fim do desfile de 7 de Setembro, Dia da Independência, na Capital sul-mato-grossense. O ato deste domingo (7) reuniu cerca de 500 pessoas, incluindo movimentos sociais, partidos políticos e representantes da sociedade civil, mas terminou com confronto com a Polícia Militar e a detenção de um manifestante.
O grupo, que participa do evento há 31 anos, protestou contra a anistia a políticos e pautas relacionadas à soberania nacional, reforma agrária, direitos sociais e feminismo. Durante o ato, os manifestantes enfrentaram barreiras da PM, e alguns foram atingidos por spray de pimenta.
Entre os participantes estava o superintendente do Patrimônio da União em Mato Grosso do Sul, Tiago Botelho, que afirmou ter sido atingido sem justificativa. “A gente sentiu boicote. É inaceitável ser atacado durante uma manifestação democrática. Vou entrar com ação contra a PM”, declarou.
O vereador Jean Ferreira (PT) criticou a atuação da Polícia Militar: “O fim da escala 6×1, isenção do imposto de renda para os mais pobres… estamos aqui defendendo o povo brasileiro, mas pedindo que não tenha anistia. Infelizmente, não conseguimos desfilar de forma pacífica e tranquila”. A vereadora Luiza Ribeiro também denunciou a intervenção policial: “Jogaram spray nos manifestantes para impedir nossa passagem”.
Conforme a Polícia Militar, um homem foi detido próximo ao fim do ato por porte de maconha e de uma faca, alegação contestada pelos manifestantes. Advogados tentaram impedir a prisão, sem sucesso.
Apesar dos contratempos, o grupo conseguiu realizar o protesto, retirando as grades que impediam a passagem. Entre os presentes estavam deputados federal e estadual do PT, representantes do MST, CUT, do Movimento Popular de Luta e da Associação de Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul, reforçando a diversidade das pautas do Grito dos Excluídos.
Durante o protesto, uma idosa chegou a tentar atrapalhar a marcha, mas o ato seguiu até o final, ressignificando símbolos nacionais, como bandeiras do Brasil e camisetas verde e amarela, como expressão da soberania popular.
O Grito dos Excluídos em Campo Grande reafirma, todos os anos, a importância da manifestação pacífica em defesa dos direitos sociais, mesmo diante de tensões com autoridades.