Um deslize no aplicativo, um match improvável. Foi assim, no Tinder, que Elida e Davi começaram a história que hoje se firma no município de Japorã. O que nasceu de um encontro virtual virou uma vida compartilhada de pés no chão, mãos na terra e sonhos erguidos.
Com o apoio do Senar/MS, o casal transformou uma pequena horta na agroindústria que abastece mesas da região com 550 quilos semanais de mandioca. Uma raiz que não apenas alimenta, mas simboliza a persistência de dois corações que decidiram crescer juntos e que encontraram, na Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), a amizade e a bússola para não desistirem no caminho.
“Nossa vida mudou da água para o vinho. A produção melhorou, ganhamos conhecimento e tivemos melhoria financeira. Antes eu sofria pegando equipamentos emprestados e hoje tenho tudo meu. Além disso, ganhamos amigos, consideramos os técnicos parte da nossa família”, resume Davi.
Essa é a história do Transformando Vidas de hoje, confira:
A mandioca foi mais que uma aposta. Foi uma semente de ousadia. Em uma região acostumada à raiz brava, Davi e Elida decidiram plantar a mansa e abriram espaço para uma nova história. Quando as portas do mercado se mostraram fechadas, eles construíram a agroindústria “Mandiocas Mineira”, homenagem às origens da família de Davi, e formalizaram o produto. Hoje a produção é estável, procurada e reconhecida pela qualidade. O que antes era apenas mais uma lavoura se transformou em sustento, identidade e orgulho.
“Foram os nãos recebidos que nos impulsionaram para chegarmos no ponto que estamos hoje. E só não aumentamos as vendas porque não damos conta da mão-de-obra, trabalhamos só nós dois. Somos felizes assim”, explica Elida.

O começo improvável
Foi no celular que tudo mudou. Num instante de distração no Tinder, Elida e Davi se cruzaram. O match virou conversa, a conversa virou encontro e, pouco a pouco, um amor que parecia digital ganhou cheiro de terra, café coado e superação. O que nasceu no aplicativo se consolidou em Japorã. Os dois saíram do mundo virtual para plantar raízes reais, erguer uma vida juntos e transformar, com apoio do Senar/MS, um sonho rural em verdade.
No entanto, não foi fácil. Moravam de aluguel no sítio vizinho, carro fiado, lavoura improvisada e tinham a propriedade focada na pecuária leiteira. A transformação começou com uma tentativa frustrada: plantaram quiabo acreditando mais na intuição do que em técnica. Instalaram uma caixa d’água para a irrigação da lavoura e, onde retiraram terra, fizeram um tanque de peixes. As plantas adoeciam, as tilápias morriam. Ainda assim, o desejo de acertar não murchava.
“No primeiro ano a gente regava a lavoura com o regador de mão mesmo. Plantava como dava, vendia o que tinha. A gente ia apostando, nem sempre dava certo”, relembra Davi.
Foi aí que o Senar/MS entrou pela primeira vez na porteira, com a ATeG Piscicultura. O técnico Evandro trouxe a ciência que faltava ao tanque. Mostrou que peixe não come resto de rama de mandioca, que amônia em excesso mata silenciosamente e que ração balanceada é tão importante quanto água limpa. Fez análises, explicou parâmetros, ajudou Davi a entender o ritmo da criação. O tanque que era um cemitério silencioso virou um espelho vivo de tilápias saudáveis.
Depois veio Rafael, da ATeG Horticultura. Davi acreditava que água e ureia eram suficientes. O técnico mostrou que cada cultura tem um manejo específico. Juntos fizeram análise de solo, discutiram fertirrigação, planejaram adubações corretas. Foi Rafael quem ajudou a calibrar a irrigação, corrigir doses, controlar pragas. Aos poucos os pés de quiabo começaram a dar frutos, as hortaliças ganharam vigor e a roça deixou de ser uma aposta para virar renda confiável.
Como a propriedade tinha no leite seu carro-chefe, chegou Janaína, técnica da ATeG Bovinocultura de Leite. Ela trouxe um aprendizado decisivo: usar as sobras da lavoura para complementar a alimentação do gado. O que antes era desperdício passou a ser recurso. Além disso, ensinou manejo sanitário, orientação correta de medicamentos e prevenção de doenças. “Antes eu fazia tudo no achismo, agora é tudo calculado”, diz Davi. O resultado foi economia, mais leite e menos perdas de bezerros.
“Ficou um casamento perfeito, um ajudando o outro em prol da nossa produção. Foi uma transformação total para nós”, complementa.

No meio do aprendizado, nasceu também uma rede de afeto. Elida chama os técnicos de família. Nos dias de atendimento já prepara o café e a conversa. Entre análises de solo e manejo do gado, descascam mandioca juntos e dividem risos. É uma relação que ultrapassa os números da produção e vira parceria de verdade.
“A gente conta para els coisas que até não tem a ver com a roça. São como se fossem nossos parentes. São da família mesmo e a gente só tem a agradecer essa parceria”, destaca Elida.

No fim, no meio de tantas raízes plantadas, o que mais cresceu foi o amor. O amor que começou com um clique tímido e hoje enche de vida cada canto da propriedade. De carro fiado a veículo de carga, de ferramentas emprestadas a trator próprio, de lavoura tímida a agroindústria formalizada. Davi e Elida vivem o resultado do trabalho, do aprendizado e da parceria. Um casal que prova, todos os dias, que o campo é fértil não só para plantar, mas para recomeçar, reinventar e florescer.
ATeG – É uma ferramenta de melhoria da gestão do negócio, produtividade e sustentabilidade das propriedades rurais de Mato Grosso do Sul.
Com a aplicação da metodologia proposta em conjunto com o produtor, o Senar/MS difunde conhecimento e tecnologias que permitem o crescimento de empresas rurais em várias cadeias produtivas do agronegócio. Para saber mais procure o Sindicato Rural do seu município.