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sábado, 20 de setembro, 2025
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Três chefes de fraude na mineração são transferidos para presídio federal da Capital

Três suspeitos de liderar um esquema bilionário de fraudes na mineração foram transferidos de Belo Horizonte para o Presídio Federal de Campo Grande na tarde deste sábado (20). A ação faz parte da Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal na última quarta-feira (17) em Minas Gerais.

O trio, apontado como chefe e articuladores do esquema, inclui Alan Cavalcante do Nascimento, João Alberto Paixão Lages e Helder Adriano de Freitas. Segundo a PF, Alan liderava a organização criminosa, enquanto João atuava como sócio de empresa envolvida e Helder coordenava a comunicação com servidores públicos e representantes de órgãos ambientais para manipular processos de licenciamento. Entre os presos da operação também estava Caio Mario Seabra, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM).

O avião com os detentos decolou do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, por volta do meio-dia (horário de MS), seguindo para a capital sul-mato-grossense. A transferência marca a primeira vez na história que presos por crimes ambientais são levados a um presídio federal de segurança máxima, unidade inaugurada em 2006 e conhecida por abrigar criminosos de grande notoriedade.

A Operação Rejeito investiga um esquema que liberava licenças ambientais fraudulentas para exploração mineral, envolvendo propina, empresas de fachada, “laranjas”, servidores públicos e empresários. Ao todo, 16 pessoas foram presas, e as investigações incluem crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e contra a ordem econômica.

O montante bloqueado judicialmente chega a R$ 1,5 bilhão. Segundo a Polícia Federal, o grupo controlava mais de 42 empresas, muitas registradas como sociedades anônimas, utilizadas para ocultar a origem ilícita de recursos e facilitar pagamentos de propina. O potencial econômico dos projetos minerários investigados supera R$ 18 bilhões, com lucro líquido estimado em R$ 9,5 bilhões.

O esquema também atingiu o alto escalão do governo de Minas Gerais. Pelo menos quatro dirigentes de órgãos ambientais e de patrimônio estaduais foram exonerados ou afastados dos cargos após serem citados nas investigações. Em nota, o governo estadual afirmou que não compactua com desvios de conduta e reforçou que está tomando todas as medidas administrativas cabíveis.

O governador Romeu Zema comentou a operação, afirmando que a Controladoria Geral do Estado já suspeitava da organização criminosa e que espera “punição exemplar” para os envolvidos.

A transferência para Campo Grande marca um novo capítulo na investigação, reforçando o rigor do sistema judicial brasileiro diante de crimes ambientais e fraudes milionárias no setor de mineração.

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