O arquiteto, urbanista e professor Kongjian Yu, 62 anos, uma referência mundial no desenvolvimento do conceito de “cidades-esponja”, está entre os mortos no acidente aéreo, em Aquidauana, na noite dessa terça-feira (23). A confirmação da morte foi feita na manhã desta quarta-feira (24) pela Polícia Civil.
As vítimas foram identificadas como:
- Marcelo Pereira de Barros
- Kongjian Yu,
- Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz
- Rubens Crispim Jr.

Yu se tornou mundialmente conhecido por propor um urbanismo sustentável voltado ao manejo da água por soluções baseadas na natureza. Sua abordagem defendia que os espaços urbanos deveriam dialogar com a água, incorporando parques, jardins alagáveis, várzeas e sistemas naturais de drenagem como instrumentos para combater enchentes, inundações e os efeitos das mudanças climáticas.
À frente do escritório Turenscape e como professor da Universidade de Pequim, Kongjian Yu consolidou-se como uma das vozes mais influentes da arquitetura paisagística global. Seus projetos foram aplicados em mais de 70 cidades ao redor do mundo, inspirando políticas públicas ambientais na China e em outros países.
Além da prática profissional, Yu produziu uma vasta obra acadêmica, com mais de 20 livros e 300 artigos científicos, abordando resiliência urbana, sustentabilidade e integração entre ecossistemas naturais e espaços construídos. Entre os reconhecimentos internacionais que recebeu estão o IFLA Sir Geoffrey Jellicoe Award, o Cooper Hewitt National Design Award e o RAIC International Prize. Ele também era membro Honorário Internacional da Academia Americana de Artes e Ciências.
Formado doutor em design pela Harvard Graduate School of Design, Yu atuava como professor e reitor da Faculdade de Arquitetura e Paisagismo da Universidade de Pequim, instituição em que também foi um dos fundadores do curso. Nos últimos anos, colaborava com documentaristas brasileiros em um projeto audiovisual sobre o conceito de “cidades-esponja”, que estava em andamento quando ocorreu o acidente.
O acidente
O avião, um Cessna de pequeno porte, era pilotado por Marcelo Pereira de Barros, proprietário da aeronave, que também morreu. Além dele e de Yu, estavam a bordo os documentaristas Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr., todos participantes do mesmo projeto audiovisual.
A queda ocorreu na Fazenda Barra Mansa, área de difícil acesso a cerca de 100 km do centro de Aquidauana. O Corpo de Bombeiros e equipes do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) foram acionados para o resgate durante a madrugada. Devido à explosão, os corpos ficaram carbonizados.
De acordo com relatos iniciais, o piloto pode ter tentado uma arremetida, manobra de segurança usada para abortar o pouso, mas a aeronave perdeu altitude e se chocou contra o solo. As causas do acidente seguem em investigação.
A Fazenda Barra Mansa é conhecida por atrair turistas nacionais e estrangeiros, e a tragédia mobilizou equipes de resgate de Aquidauana e da região do Pantanal.