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sexta-feira, 26 de setembro, 2025
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Confira o que se sabe sobre a queda do avião no Pantanal que matou cineastas, arquiteto e piloto

A tragédia aérea que matou os cineastas brasileiros Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr., o arquiteto chinês Kongjian Yu e o piloto Marcelo Pereira de Barros pode ter sido provocada em consequência de uma invasão da pista por um grupo de queixadas, também chamados de porco-do-mato.


Saiba mais:
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A informação é apurada pelas autoridades que estão investigando as causas do acidente, ocorrido na noite de terça-feira (23) em uma fazenda turística de Aquidauana, no meio do Pantanal de Mato Grosso do Sul. As equipes de resgate levaram cerca de nove horas para chegar até o local da queda e encontraram os corpos totalmente carbonizados.

Confira o que se sabe sobre a queda do avião no Pantanal que matou cineastas, arquiteto e piloto
Avião cai e mata quatro pessoas em Aquidauana, no Pantanal de MS (Foto: Polícia Civil)

Trabalhadores da fazenda disseram que viram quando o avião fez uma manobra para evitar atingir os animais que estavam na pista. Logo em seguida, perdeu altitude e caiu a cerca de 100 metros da cabeceira. Um trator e um caminhão-pipa foram deslocados para os resgate, mas o avião explodiu ao atingir o solo e não houve sobreviventes.

Sobre a aeronave, as autoridades detalharam ser um Cessna 175, fabricado em 1958, com matrícula PT-BAN. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o avião estava autorizado a voar apenas sob regras visuais e durante o dia, tinha operação negada para táxi aéreo e estava registrada no nome do piloto Marcelo Pereira de Barros.

O monomotor possui quatro lugares, tem capacidade para levar até três passageiros, além do piloto, e o peso máximo de decolagem é de 1.066 kg. Historicamente, o Cessna 175 saiu de fábrica equipado com o motor Continental GO-300 com redução de engrenagens, algo considerado raro em aviões pequenos.

Ainda sobre o avião, este já havia sido apreendido por irregularidades durante a Operação Ícaro, em 2019, no Aeroclube de Aquidauana, por estar em desacordo, com plaquetas de identificação adulteradas e certificado de aeronavegabilidade cancelado. A aeronave ficou em poder do Dracco por três anos, sendo devolvida em 2022 para o piloto.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foi acionado para investigar o caso. Ainda não há informações sobre o que causou a queda.

Agora, os corpos devem ser identificados por exames de DNA para depois serem entregues à família. O Consulado Chinês no Brasil informou que o corpo do arquiteto Yu aguardará a chegada de familiares para passar pelos exames. O grupo estava no Pantanal desde sábado (20) para gravar documentários sobre ‘cidades-esponja’.

Conheça as vítimas

Kongjian Yu, arquiteto

O arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu, professor da Universidade de Pequim — Foto: Kongjian Yu/Turenscape/Agência Fapesp
O arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu, professor da Universidade de Pequim — Foto: Kongjian Yu/Turenscape/Agência Fapesp

Kongjian Yu era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape, um dos maiores do mundo. Ele foi o criador de uma das ideias mais inovadoras da arquitetura moderna: as “cidades-esponja”, desenhadas para absorver um grande volume de água.

O arquiteto chinês era também consultor do governo chinês. Projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu ano passado no Rio Grande do Sul.

Segundo a revista Fapesp, em seus premiados projetos em cidades chinesas, Yu adotou a natureza e a metodologia conhecida como soluções baseadas na natureza para absorver, limpar e usar as águas fluviais e pluviais – em vez de expulsá-las com pressa das áreas urbanas com canalizações.

Ele era graduado na Universidade Florestal de Beijing e doutor pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, cineasta

O documentarista Luiz Ferraz está entre as vítimas — Foto: Academia Brasileira de Cinema
O documentarista Luiz Ferraz está entre as vítimas — Foto: Academia Brasileira de Cinema

Luiz Ferraz era diretor especializado em projetos de documentário e não-ficção, sempre buscando as diversas formas de linguagem documental como dispositivo para contar suas histórias. Desde 2007, produzia e dirigia na Olé Produções, paralelamente aos trabalhos em parceria com outras produtoras do mercado.

Seus documentários mais recentes foram a direção da série indicada para o Emmy Internacional para WBD/HBO, “Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia”, pela Pacha Films, e a direção da série “To Win or To Win”, para MBC/Shahid, maior grupo de mídia árabe, sobre o time Al Nassr FC.

Pela Olé Produções, assinou a produção e direção do documentário “Paisagem Concreta”, sobre o arquiteto Alvaro Siza e sua relação com o Brasil para o canal Arte1, exibido em festivais pelos EUA, Canadá, Brasil, Suécia e Coreia do Sul. Fez ainda a direção-geral da série “Algo no Espaço”, sobre artistas e escultores contemporâneos brasileiros.

Rubens Crispim Jr., cineasta

Cineasta Rubens Crispim — Foto: Arquivo pessoal
Cineasta Rubens Crispim — Foto: Arquivo pessoal

Rubens nasceu e vivia em São Paulo. Formado em Artes Plásticas pela (ECA-USP) em 2002, era documentarista, diretor de fotografia e produtor independente. Em 2006, ganhou o reality show “Projeto 48″, do canal TNT, e fez seu primeiro curta-metragem, “Os 400 Golpes”, exibido em toda a América Latina.

Trabalhou em diversas produtoras dirigindo e fotografando documentários, séries, fashion-films e filmes de arte, além de fundar a Poseídos, produtora com quase duas décadas de atividade no mercado audiovisual.

Nesse período, Rubens trabalhou para canais como Discovery Channel, National Geographic, Arte 01, TV Globo, TV Cultura e a plataforma de streaming Cultura em Casa.

Dirigiu, fotografou e produziu o filme “Segue o Baile Bixiga 70”, que participou de Festivais como In-Edit Brasil 2019 e Mimo Festival e atualmente está disponível no Canal Brasil e plataformas VOD como NOW e Amazon Prime.

Desde 2019 até 2023, Rubens coordenou o departamento de audiovisual da Amigos da Arte, Organização Social responsável por milhares de atividades ligadas ao setor cultural.

A partir de 2021, dirigiu e fotografou os documentários das exposições da Pinacoteca de São Paulo.

Marcelo Pereira de Barros, piloto de avião

Marcelo Pereira de Barros, piloto do avião que caiu com arquiteto e cineastas em MS — Foto: Reprodução/Redes sociais
Marcelo Pereira de Barros, piloto do avião que caiu com arquiteto e cineastas em MS — Foto: Reprodução/Redes sociais

O piloto e proprietário da aeronave foi identificado como Marcelo Pereira de Barros. Ele prestava o serviço de táxi aéreo e morava em Aquidauana. Marcelo deixa dois filhos.

Nas redes sociais, amigos do piloto destacam que Marcelo tinha ampla atuação em sobrevoos no Pantanal e Serra da Bodoquena, em Mato Grosso do Sul.

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