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sexta-feira, 3 de outubro, 2025
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Veja orientações, sinais de alerta e cuidados para evitar o consumo de bebidas falsas

Preços muito baixos, lacres mal colocados e embalagens com impressão de má qualidade são alguns dos indicativos que os consumidores devem ter atenção na hora de comprar alguma bebida. O Brasil enfrenta um surto de intoxicação por metanol (álcool metílico, CH₃OH), que está sendo usado para produzir bebidas falsificadas.

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O composto químico incolor, altamente inflamável e tóxico, é usado como matéria-prima na indústria para fabricar formaldeído, biodiesel, solventes e em materiais como plásticos e adesivos. O consumo por humanos pode provocar cegueira, danos graves à saúde e até mesmo levar a morte, conforme vem ocorrendo nos últimos dias.

Até a publicação deste texto, 43 casos de intoxicação por metanol já tinham sido notificados e estão em investigação no país. Um óbito em São Paulo já foi confirmado e outros sete seguem em investigação, sendo cinco em São Paulo e dois em Pernambuco. O Ministério da Saúde acredita que esses números irão aumentar nos próximos dias.

No momento, a recomendação de especialistas é para não consumir bebida alcoólica, principalmente os destilados. Em nota à imprensa, a Vigilância Sanitária Estadual de Mato Grosso do Sul alertou sobre os riscos de consumir bebidas alcoólicas sem origem comprovada. Até agora, nenhum caso da intoxicação foi registrado no estado.

Veja orientações, sinais de alerta e cuidados para evitar o consumo de bebidas falsas
Foto: Airam Dato-on/Pexels

Cuidados para quem consome bebidas alcoólicas

A Vigilância alerta que bebidas sem procedência confiável podem conter substâncias perigosas. Para se proteger, o consumidor deve:

  • Escolher marcas conhecidas, com rótulo e lacre de segurança;
  • Evitar produtos vendidos a granel ou sem identificação;
  • Desconfiar de preços muito abaixo do normal.

Orientações para bares e comércios

A nota também orienta bares, restaurantes e lojas que vendem bebidas alcoólicas. As principais recomendações são:

  • Comprar apenas de fornecedores legalizados;
  • Verificar a origem dos produtos e guardar as notas fiscais;
  • Reforçar o controle interno e garantir rastreabilidade;
  • Suspender imediatamente a venda de bebidas suspeitas;
  • Guardar embalagens, lacres e rótulos como prova em caso de irregularidade.

Sinais de alerta

O órgão reforça que preços muito baixos, lacres mal colocados e embalagens com impressão de má qualidade podem indicar adulteração. Observar esses sinais ajuda a proteger os consumidores.

Como prevenção, a Vigilância recomendou que os municípios intensifiquem as inspeções em bares, restaurantes e outros pontos de venda. O foco é verificar a origem das bebidas comercializadas.

Veja orientações, sinais de alerta e cuidados para evitar o consumo de bebidas falsas
Foto: Divulgação

Capacitação

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) estão realizando uma série de treinamentos online, gratuitos e com certificado, com orientações práticas para empreendedores serem hábeis a identificar bebidas falsificadas de produtos autênticos.

Na primeira edição da capacitação, que foi ministrada por Daniel Monferrari, head de Proteção às Marcas e Segurança Corporativa da Diageo, participaram mais de duas mil pessoas. Durante o treinamento, os participantes receberam orientações detalhadas sobre como identificar sinais de falsificação em garrafas, tampas, rótulos e líquidos. 

Segundo o especialista, a análise começa pela tampa, considerada o principal ponto de segurança dos produtos: tampas originais apresentam acabamento preciso, sem amassamentos ou espaçamentos, e com arte impressa de alta qualidade. Já a presença de lacres plásticos sobrepostos a tampas decoradas é um forte indicativo de adulteração.

Outro ponto de atenção citado por Daniel é o selo fiscal, obrigatório em bebidas destiladas importadas. Produzido pela Casa da Moeda, o selo autêntico possui holografia progressiva que revela apenas uma letra por vez — R, F ou B. Se todas as letras forem visíveis simultaneamente, há a possibilidade do selo ser falsificado.

O treinamento também orientou sobre a análise do líquido: garrafas da mesma marca devem ter o mesmo nível de enchimento e líquidos translúcidos, sem impurezas. Diferenças de coloração entre unidades idênticas podem indicar falsificação. O especialista ainda reiterou que os rótulos e contrarrótulos precisam ser cuidadosamente analisados.

Produtos legítimos apresentam impressão de alta qualidade, com informações obrigatórias em português, como ingredientes, origem e número de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Além disso, erros de grafia são considerados sinais claros de falsificação.

Outro ponto de destaque do treinamento é o descarte correto das garrafas vazias. Segundo Daniel, 100% das bebidas falsificadas identificadas em operações policiais foram envasadas em garrafas originais reutilizadas. Por isso, recomenda-se que bares e restaurantes adotem políticas de descarte que incluam a destruição ou descaracterização dos rótulos, evitando que embalagens legítimas sejam reaproveitadas por falsificadores.

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