A proposta de tarifa zero no transporte público deve ser um dos eixos centrais da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. A informação foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista exclusiva à RECORD. Segundo ele, um estudo técnico sobre a viabilidade da medida está em andamento por determinação direta de Lula, que considera o tema estratégico para os trabalhadores, o meio ambiente e a mobilidade urbana.
“Estamos fazendo nesse momento uma radiografia do setor a pedido do presidente Lula. Ele sabe que esse tema é importante para os trabalhadores, para o meio ambiente e para a mobilidade urbana”, afirmou Haddad.
Estudo avalia reorganização do sistema
O ministro explicou que o levantamento ainda está em fase inicial e busca mapear subsídios públicos e privados existentes — como o vale-transporte — para compreender o impacto do sistema no orçamento dos trabalhadores e identificar possíveis formas de reorganização.
“Tem um diagnóstico a ser feito, que está sendo feito com calma, com tranquilidade, para apresentar para ele [Lula] o estado da arte hoje e como eventualmente esse setor poderia ser reorganizado”, disse.
Haddad ressaltou que a proposta ainda não está estruturada e que o governo pretende manter a neutralidade fiscal, ou seja, não pretende criar novas despesas para financiar o transporte gratuito.
Experiência prévia e equilíbrio fiscal
O ministro destacou que recebeu a incumbência de coordenar o estudo por já ter tratado do tema quando foi prefeito de São Paulo. Na ocasião, encomendou levantamentos sobre a viabilidade do transporte gratuito antes mesmo de assumir o cargo.
Ele também comparou a discussão sobre a tarifa zero à ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil e à revisão das tarifas de energia elétrica — medidas que, segundo Haddad, foram viabilizadas sem aumento de subsídios.
“No caso do Imposto de Renda, aconteceu esse mesmo debate. ‘Como é que vocês vão isentar as pessoas que ganham até R$ 5 mil? Vai destruir as contas.’ E nós aprovamos um projeto fiscalmente responsável, porque ele é neutro do ponto de vista fiscal”, afirmou o ministro.
Para Haddad, a sustentabilidade da proposta depende da redistribuição de custos, de modo que setores com maior capacidade contributiva possam assumir parte do peso, aliviando os trabalhadores.
“Tem muita coisa no Brasil para ser feita de reequilíbrio de contas que não impactam as contas públicas, não vão exigir subsídio adicional. Agora, isso tem que ser construído com calma. Não dá para sair fazendo as coisas sem a certeza de que você está dando um passo sustentável”, concluiu.