Nem só de grãos e carnes vive Mato Grosso do Sul. Quase cinco décadas após sua criação, o Estado diversificou sua pauta de exportações e vem abrindo espaço em setores antes pouco explorados, transformando sua economia em um polo de inovação e criatividade.
Um exemplo desse movimento é a Bella Pedra Cristal, empresa de mineração sediada em Campo Grande e comandada por Júnior Franco Roza. Reconhecida pela expertise em todas as fases da exploração mineral, da prospecção à utilização responsável dos recursos, a empresa vem conquistando mercados internacionais com minerais extraídos em solo sul-mato-grossense.
“Cada pedra tem sua própria história. A ametista, por exemplo, levou milhões de anos para se formar. A calcita que extraímos em Bodoquena é única no mundo e possui mais de mil utilidades, desde insumos para ração animal até a indústria farmacêutica e de tintas”, explica Roza. A empresa firmou contratos internacionais com parceiros no Japão, Portugal, Suíça e Dubai, impulsionada pelo apoio do Sebrae/MS e políticas estratégicas do governo estadual.
A economia criativa sul-mato-grossense também se destaca no setor da moda e do artesanato. Zanir Furtado, empresária de Rio Negro, transformou o Pantanal em inspiração para bolsas de luxo e acessórios de couro, confeccionados por jovens e mulheres locais. Com padrões internacionais, seus produtos já desfilam em passarelas estrangeiras e estão presentes em showrooms de São Paulo, com previsão de inauguração de loja em Campo Grande. A marca também ganhou reconhecimento internacional ao ser presenteada à princesa Kako do Japão, tornando-se parte do acervo real japonês.
Outra história de sucesso é a Fibra Morena, liderada por Lucimar Maldonado, que valoriza o artesanato feito com fibras naturais e trabalha em parceria com artesãos indígenas e comunidades locais. O coletivo, que começou em 2003, hoje exporta produtos para Japão e Irlanda e participará da COP30, fornecendo presentes corporativos sustentáveis inspirados na fauna do Pantanal. “O apoio do Sebrae, da Fundação de Cultura e da Prefeitura de Campo Grande foi essencial para transformar talento local em negócio competitivo”, afirma Lucimar.
Para a superintendente de Economia Criativa da Setesc, Luciana Azambuja Roca, o setor desempenha papel estratégico no desenvolvimento socioeconômico do Estado. “Além de gerar renda, a economia criativa promove a cultura local, fortalece o intercâmbio cultural e amplia oportunidades no Corredor Bioceânico, ligando MS ao Paraguai, Argentina e Chile”, destaca.
Atualmente, Mato Grosso do Sul conta com 6.690 artesãos ativos, e políticas de qualificação profissional, incentivo ao turismo e feiras criativas vêm ampliando o alcance desses empreendedores. A expectativa é que o Panorama da Economia Criativa, levantamento em andamento, forneça dados para novas políticas públicas que fortaleçam ainda mais esse setor inovador.
Mato Grosso do Sul mostra que é possível unir tradição, talento e inovação para transformar recursos naturais e culturais em oportunidades globais, consolidando o Estado como referência em economia criativa no Brasil e no mundo.