O Palácio do Planalto avaliou como positiva a reunião realizada nesta quarta-feira (16) entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington. Segundo integrantes do governo brasileiro, o encontro confirmou a possibilidade de conduzir o diálogo bilateral em dois eixos distintos — o político e o econômico-comercial —, com foco, neste momento, na retomada das negociações comerciais entre os dois países.
De acordo com relatos vindos de Brasília e da capital americana, o principal sinal dessa “desvinculação” foi o tom estritamente econômico da conversa. A pauta não incluiu temas sensíveis, como a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro ou as sanções impostas pela Casa Branca a autoridades brasileiras, entre elas o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Outro ponto que chamou a atenção foi a presença do representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, chefe do United States Trade Representative (USTR), reforçando a disposição de Washington em abrir um canal direto sobre tarifas e barreiras comerciais.
Segundo o Itamaraty, o clima do encontro foi “profundo, produtivo e construtivo”, com ambas as partes empenhadas em buscar convergências. Mauro Vieira destacou que prevaleceu uma “atitude voltada a resultados práticos”, especialmente no que diz respeito à reversão do tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.
A expectativa do Planalto, porém, não é de uma reversão imediata das medidas, mas sim da criação de um ambiente favorável para avanços graduais. As equipes técnicas já trabalham na elaboração de uma agenda de reuniões para as próximas semanas.
A reunião também pavimentou o caminho para um novo encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Embora ainda sem data confirmada, a diplomacia brasileira trabalha com a possibilidade de que a reunião ocorra durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, na Malásia, entre os dias 24 e 28 de outubro.
Em declaração conjunta assinada por Vieira, Rubio e Greer, os governos de Brasil e Estados Unidos reafirmaram “o compromisso de trabalhar conjuntamente para viabilizar o encontro entre os presidentes na primeira oportunidade possível”.
O chanceler brasileiro reforçou, ainda, que há “interesse mútuo em fortalecer a relação bilateral em bases realistas e produtivas”. Para o Planalto, a reunião representou um passo importante na tentativa de reconstruir a confiança entre Brasília e Washington — agora sob o desafio de equilibrar pragmatismo econômico e tensões políticas.