Nova modalidade de consignado para trabalhadores CLT alcança 6,4 milhões de beneficiados em apenas seis meses
O novo Crédito do Trabalhador, criado em março deste ano para substituir o antigo consignado privado, superou em apenas seis meses o volume total concedido pelo programa anterior. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o total de empréstimos chegou a R$ 68,6 bilhões na última semana, beneficiando 6,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada.
A nova modalidade, lançada em 21 de março, permite que qualquer empregado formal solicite crédito com juros mais baixos e desconto em folha de pagamento, sem depender de convênios entre empresas e bancos — como exigia o modelo antigo, criado em 2005.
De acordo com o Ministério da Fazenda, em apenas meio ano o programa emprestou R$ 45 bilhões, enquanto o consignado tradicional levou 20 anos para atingir R$ 40 bilhões. O resultado, segundo a pasta, reflete a ampliação do acesso ao crédito e o uso da Carteira de Trabalho Digital como plataforma de operação.
Dados do Banco Central apontam que a concessão mensal de crédito consignado privado cresceu 82% em 12 meses: passou de R$ 1,7 bilhão em setembro de 2024 para R$ 6 bilhões em agosto deste ano. O valor médio dos empréstimos é de R$ 6,4 mil, com parcelas de cerca de R$ 276,24, pagas em 23 vezes.
Migração de contratos antigos e redução dos juros
Desde 21 de agosto, cerca de 4 milhões de contratos do modelo anterior começaram a ser migrados para a plataforma do Crédito do Trabalhador. A Dataprev estima que o processo seja concluído até o fim de outubro.
Com a digitalização, os contratos passam a ser portáveis entre bancos, permitindo que o trabalhador escolha instituições com taxas de juros mais vantajosas, o que deve estimular nova redução dos custos de crédito.
Como funciona o Crédito do Trabalhador
Pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital, o empregado autoriza o compartilhamento de dados com os bancos, que têm até 24 horas para enviar ofertas personalizadas. O trabalhador escolhe a melhor proposta, com juros reduzidos, e as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento.
Até 35% da renda mensal pode ser comprometida com o empréstimo. O trabalhador pode ainda autorizar o uso de 10% do FGTS e até 100% da multa rescisória como garantia. Caso desista, tem sete dias corridos para devolver o valor integral do crédito.
Endividamento ainda preocupa
Apesar do sucesso do programa, o endividamento das famílias segue como desafio. Pesquisa da Creditas, em parceria com a Opinion Box, mostra que 56% dos trabalhadores CLT estão endividados, e 47% acreditam que levarão mais de um ano para quitar as dívidas.
“Com juros mais acessíveis e segurança no desconto em folha, o consignado privado pode substituir dívidas caras por mais baratas, promovendo maior estabilidade financeira”, afirma Julia Barroso, vice-presidente de consignado e benefícios da Creditas.
Metade dos entrevistados acredita que o crédito pode ser positivo para as finanças pessoais, desde que usado com planejamento e responsabilidade.
Cuidados antes de contratar
O Procon recomenda cautela ao contratar crédito consignado. O consumidor deve:
- Avaliar se o desconto caberá no orçamento mensal;
- Compreender todas as regras e direitos;
- Comparar as taxas de juros entre bancos;
- Verificar o impacto em caso de demissão, já que parte do FGTS pode ser retida.
Além disso:
- A contratação não pode ser feita por telefone, apenas pelos canais oficiais do banco após proposta no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital;
- A taxa de juros já inclui todos os custos — tarifas extras são proibidas;
- Não pode haver carência para o início dos pagamentos;
- O contrato deve trazer de forma clara todas as informações sobre valor total, taxa de juros e prazos.
Crédito mais acessível e digital
Com o avanço da plataforma, o governo aposta que o Crédito do Trabalhador se torne uma ferramenta permanente de acesso a empréstimos mais baratos e seguros para milhões de brasileiros do setor privado, reduzindo a dependência de linhas caras e impulsionando o consumo de forma responsável.