Encontro de 50 minutos ocorreu na Malásia e foi classificado como “positivo e construtivo” por ambas as delegações. Presidentes discutiram comércio, sanções e retomada do diálogo bilateral
Em um encontro cercado de expectativas e tensões diplomáticas, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump se reuniram neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a 47ª cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). A conversa, que durou cerca de 50 minutos, foi o primeiro encontro oficial entre os dois líderes desde uma breve interação durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro.
A reunião ocorre em meio ao agravamento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, após Washington impor tarifas de 50% sobre exportações brasileiras e aplicar sanções a autoridades do país em razão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Antes do encontro reservado, Lula e Trump falaram por cerca de 10 minutos com jornalistas. O americano afirmou que era “uma honra” encontrar o presidente brasileiro e demonstrou abertura para “acordos bons para os dois países”. Questionado sobre Bolsonaro, Trump afirmou “se sentir mal” pela situação do ex-presidente, mas evitou dizer se o tema seria abordado.
Lula, por sua vez, destacou o desejo de manter uma relação “harmoniosa e baseada no respeito” com os Estados Unidos. “Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos”, disse o presidente brasileiro, afirmando ter levado uma “pauta extensa” ao encontro.
Segundo o chanceler Mauro Vieira, a reunião foi “muito positiva” e terminou com um acordo para iniciar negociações sobre o tarifaço americano. “As equipes dos dois países vão começar imediatamente um processo de discussão para revisar as tarifas e sanções impostas ao Brasil”, afirmou.
Em publicação nas redes sociais, Lula classificou o diálogo como “franco e construtivo” e reforçou que o objetivo é “retomar a parceria econômica e política entre as duas nações”.
Clima tenso, mas sem incidentes
O momento em que Trump abriu a sala para repórteres foi considerado o mais delicado pela comitiva brasileira. Lula chegou a demonstrar impaciência com o tempo de exposição à imprensa, mas conseguiu atravessar o que assessores chamaram de “zona da maldade” — referência às entrevistas em que Trump costuma constranger outros líderes, como os presidentes da Ucrânia e da África do Sul.
Apesar do desconforto, o presidente brasileiro saiu ileso de provocações e foi elogiado pelo chanceler Vieira pela postura “serena e firme”.
Perspectiva de novos encontros
De acordo com o Itamaraty, tanto Lula quanto Trump manifestaram interesse em novas visitas oficiais. O líder norte-americano teria indicado o desejo de visitar o Brasil, enquanto Lula demonstrou intenção de viajar a Washington ainda no início de 2026.
As equipes diplomáticas dos dois países devem dar sequência às tratativas iniciadas em Kuala Lumpur, com prioridade para temas comerciais, investimentos e cooperação energética.
O governo brasileiro espera que as negociações levem à suspensão das tarifas impostas pelos EUA e abram caminho para um novo ciclo de cooperação entre as duas maiores economias do continente americano.











